Que seja deles o primeiro show
O Ira! se fez sobre uma das sonoridades mais férteis do rock, baseada nas bandas inglesas dos anos 1960, o que lhe permitiu seguir o que propôs desde Mudança de Comportamento, em 1985, sem se tornar repetitivo. Os mesmos críticos que apontaram com alguma razão para um texto excessivamente juvenil também elogiavam a forma como o grupo conseguira atravessar tantos anos sem macular uma discografia com algum disco menor, apesar das ressalvas do próprio Nasi ao de fato menos importante Invisível DJ, de 2007.
Ira, o disco que chega nesta sexta (5) às plataformas, é uma vitória sobretudo da composição de Edgard Scandurra, com justiça feita a toda a presença que Nasi consiga com sua persona, muitas vezes tão ou mais forte até do que a própria voz. Mesmo tantos anos depois de compor para o parceiro cantar pela última vez, Edgard soube guardar o lugar da banda em si, mesmo ainda depois de decretá-la morta e com vários outros compartimentos criados de 2000 para cá, e reacessá-lo para trazer um espírito de volta. De tão forte, a marca que este grupo imprimiu parece sólida a ponto de ser ativada com originalidade sem que se proponha um instrumento a mais como novidade. O Ira! está tinindo, e deveria fazer o primeiro show de estádio da reabertura, assim que isso for possível, para lavar as ruas e as almas.