Meu olho por um poema
Poeta, lírico e caolho, coração lusitano apaixonado, Luís Vaz de Camões é símbolo da língua portuguesa, do seu uso para cantar descobertas e bamboleantes amores sem fim. Pouquíssimo se sabe sobre sua vida, muitas vezes tratada mais como ficção que realidade. Sim, claro, há Os Lusíadas. A obra ficou, mas a vida se foi há 440 anos, a serem completados quarta, 10. A celebração está marcada para o Teatro Nacional D. Maria
II, de Lisboa, com a leitura do poemão em transmissão ao vivo por nove horas, pelo ator António Fonseca, que há mais de dez anos estuda a obra palavra a palavra, canto por canto. tndm.pt
DEZ CANTOS NA REDE A epopeia narrada por Camões tem dez cantos formados por episódios, estrofes e versos de encher os ouvidos de alegria incontida e muita angústia descontrolada. Pelos cálculos de Fonseca, baseados nos ensaios, são nove horas ininterruptas de leitura. Essa, sim, uma verdadeira epopeia será iniciada às 10 horas do dia 10 em Lisboa, 14 horas por aqui – estendendo-se até as 23 horas. A transmissão será feita tanto pelo site do teatrão como nas suas plataformas do Facebook e do YouTube.
VIDA ENREDADA
Se o timing de sua vida hoje é regido por séries ‘yankees’, essa coisa de pacotinhos de 50 minutos como ração para aliviar os efeitos desse pandemônio, não se desespere. Depois do dia 10, a leitura permanecerá na chamada Sala Online do Teatro D. Maria II, na plataforma Vimeo e pode ser acessada aqui: vimeo.com/showcase/6879385.
ARRASTÃO DE PEÇAS Aliás, o D. Maria II tem em sua Sala Online diversos espetáculos que se apresentaram ali recentemente. Pode-se assistir a um À Espera de Godot (por aqui Esperando Godot), de Samuel Beckett, dirigido por David Pereira Bastos, Antígona, de Sófocles, com direção de Mónica Garnel, ou A Matança Ritual de
Gorge Mastromas, de Dennis Kelly, dirigido por Tiago Guedes. Há diversos infantis também. Um espetáculo que resvala em Charles Darwin, A Origem das Espécies, que conta sobre a viagem e as descobertas do naturalista britânico. vimeo.com/tndmii
REDE LUSA
O 10 de junho não é à toa. É simbólico porque a data da morte de Camões trouxe a reboque a comemoração do Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Glória maior para a vida do poeta. Ainda que não se saiba quando nem onde nasceu. Mas o que importa isso diante da dimensão de sua obra?