O Estado de S. Paulo

PISO NOVO SEM QUEBRA-QUEBRA

Mudar o revestimen­to exige planejamen­to – mas você não precisa, necessaria­mente, descartar o que já tem em casa

- Marcelo Lima

Após um longo tempo de convivênci­a com um ambiente, é comum experiment­armos um súbito desejo de mudança. Mas, ao contrário das paredes – nas quais a simples pintura é uma alternativ­a sempre à mão para renovar a decoração –, a troca do piso é uma operação que exige um pouco mais de planejamen­to. Mas não, necessaria­mente, um quebra-quebra sem fim.

Várias são as situações que podem justificar a troca de um piso por um novo, sem ter de recorrer à remoção do já existente. Desde o desgaste natural ocasionado pela circulação de pessoas e pelo arrastar de móveis, passando pela vontade de personaliz­ar um apartament­o alugado, até a simples intenção de ajustar as caracterís­ticas do revestimen­to ao novo visual de um ambiente.

No entanto, antes de qualquer substituiç­ão, é essencial consultar um profission­al especializ­ado. Só ele pode avaliar se o piso existente realmente precisa ser substituíd­o. E, mais do que isso, se está apto a receber um outro.

No caso de um piso de madeira maciça, por exemplo, dificilmen­te a troca é uma escolha acertada, mesmo quando a superfície estiver desgastada. Além da pintura, por meio de raspagem e aplicação de vernizes, na maioria das vezes, é possível recuperá-lo, deixando-o com um visual bem próximo de um revestimen­to novo.

Por outro lado, caso a aplicação de um novo material seja viável, é essencial verificar se a superfície a ser revestida não possui desníveis que podem dificultar sua aplicação e, depois, deixar marcas no novo piso. Nesses casos, é preciso providenci­ar, previament­e, o nivelament­o da base a ser revestida. Para orientar sua escolha, conheça algumas opções para trocar o piso sem ter de enfrentar todos os transtorno­s de uma obra.

Pintura. Nem todos os pisos podem ser renovados apenas com uma demão de tinta, mas, se o seu estiver em boas condições, é uma possibilid­ade a considerar. O tipo dela vai depender do material de base. Normalment­e, recomenda-se a tinta epóxi, aplicada depois de uma camada niveladora capaz de ocultar juntas e sugerir um efeito de pavimento contínuo.

Vinílicos. A história dos pisos de madeira pode ser dividida entre antes e depois dos vinílicos. Apresentad­os inicialmen­te apenas em versões adesivas, eles hoje podem ser aplicados também por encaixe, o que, com alguma habilidade, pode até dispensar um instalador. Produzidos pela justaposiç­ão de diversas camadas de PVC, eles podem ser aplicados sobre diversos outros pisos: cerâmicos, de madeira e cimentício­s, desde que estejam em perfeitas condições. “O piso vinílico precisa de uma base rígida para ser instalado. Se esse não for o caso, é preciso refazer o contrapiso para, só então, instalar as lâminas”, alerta Bianca Tognollo, da Tarkett (tarkett.com.br).

Como vantagem, os vinílicos podem ser utilizados também em áreas molhadas, como cozinhas e banheiros, e são encontrado­s em ampla gama de acabamento­s, reproduzin­do diversos materiais – da madeira ao mármore. Além disso, alguns deles têm propriedad­es especiais, como proteção contra umidade e fungos.

Mas, como qualquer outro piso aplicado sobre outro, para ampliar sua durabilida­de, é primordial que ele seja instalado sobre superfície­s bem niveladas, uma vez que, por possuir uma espessura muito fina, qualquer imperfeiçã­o torna-se muito visível.

O PISO VINÍLICO EXIGE UMA BASE RÍGIDA E NIVELADA PARA SER INSTALADO

Laminados. Aplicados como os vinílicos, por meio de encaixes ou cola, os laminados também são fáceis de instalar e podem recobrir diversas superfície­s. No entanto, por ser fabricado quase que unicamente a partir de madeira, ele não é recomendad­o para áreas molhadas, já que pode estufar com o tempo. Além disso, por possuir maior espessura, de 6 mm a 17 mm, pode exigir que a altura das portas do ambiente seja adaptada à nova configuraç­ão do piso. “Apesar de 100% produzido a partir de madeira de refloresta­mento, o produto não deve ser aplicado sobre nenhum tipo de piso do mesmo material. Já sobre mármores e cerâmicas, desde que bem nivelados, não há restrições”, adverte Samia Rossin de Souza, da Akafloor (akafloor.com.br).

Porcelanat­os. Ao contrário do que ocorre com a madeira, é possível, sim, recobrir superfície­s revestidas com pisos cerâmicos por pisos feitos com o mesmo material, como o porcelanat­o. Mas, para obter bons resultados, além da habilidade profission­al na instalação, os cuidados que antecedem a aplicação devem ser redobrados. É fundamenta­l, por exemplo, verificar se a superfície existente não apresenta peças soltas, quebradas ou sujeitas à infiltraçã­o. Em geral, a aplicação é feita com uma camada de 2 mm de argamassa colante, especialme­nte desenvolvi­da para esta finalidade.

Outro detalhe que deve ser levado em consideraç­ão é o número de portas internas existentes no ambiente, uma vez que o novo piso, inevitavel­mente, ficará um pouco mais alto que o anterior, o que vai exigir ajustes na altura de cada uma delas.

Como vantagem adicional, o porcelanat­o pode ser encontrado em uma grande variedade de cores e texturas, algumas delas simulando, inclusive, outros materiais, como metal, madeira, concreto e mármore.

DEPENDENDO DO PISO, A ALTURA DAS PORTAS INTERNAS DEVERÁ SER AJUSTADA

 ?? FOTOS: JULIA RIBEIRO ?? Sala de jantar. Para harmonizar com a nova decoração, piso de mármore foi recoberto com material vinílico, em projeto de Barbara Dundes
FOTOS: JULIA RIBEIRO Sala de jantar. Para harmonizar com a nova decoração, piso de mármore foi recoberto com material vinílico, em projeto de Barbara Dundes
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Porcelanat­o. Instalado sobre cerâmicas, em projeto de Antônio Armando de Araújo

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