O Estado de S. Paulo

WOOLF EM ENSAIO, DIÁRIO E LIVRO PARA CRIANÇAS

Uma das principais escritoras do século 20, Virginia Woolf será homenagead­a no País, ainda, com o Dalloway Day

- Maria Fernanda Rodrigues

Londres, início do anos 1920. Numa quarta-feira do meio do mês de junho, Clarissa Dalloway percorre as ruas da cidade cuidando dos preparativ­os para uma festa que daria naquela noite. Esse é, muito basicament­e, o enredo do romance mais conhecido de Virginia Woolf (18821941) e famoso por seu pioneirism­o ao ser narrado por meio do fluxo de consciênci­a.

Mrs. Dalloway foi publicado em 1925. Assim como o Ulisses, de James Joyce, de 1922 e que inspirou o Bloomsday, uma série de eventos no dia 16 de junho, quando o autor situa sua história, Mrs. Dalloway tem sido mote para um dia de celebração da obra de Virgina Woolf – uma tradição mais forte na Inglaterra e que chega este ano, ainda tímido por causa da pandemia, ao Brasil.

No dia 17, uma quarta-feira no meio do mês de junho, a Editora Nós e a The School of Life Brasil promovem o Chá das 5 com Virginia Woolf, como parte da programaçã­o do Dalloway Day, para discutir o pensamento da escritora inglesa. Participam a editora Simone Paulino, a tradutora Ana Carolina Mesquita e Jackie de Botton, sócia da The School of Life. O evento será realizado pelo Zoom, com ingressos a R$ 88 e os participan­tes ganham um Chá Virginia.

O encontro marca a chegada de Virginia Woolf ao catálogo da Nós. “Esse era um desejo antigo. Desde que a obra de Virginia Woolf entrou em domínio público (em 2012), eu passei a pensar com mais coragem nessa possibilid­ade. A ficção dela vem sendo lindamente editada no Brasil. Eu mesma compro absolutame­nte tudo o que sai dela. Mas Virginia tem uma produção tão vasta e diversa, que ninguém conseguiu abarcar ainda”, comenta Simone Paulino. “Foi um pouco seguindo esse ‘fluxo de consciênci­a’ que acabei conhecendo Ana Carolina

Mesquita.”

Ana Carolina estudou e traduziu os diários de Virginia Woolf para sua tese de doutorado, na USP. E a publicação desses textos integra o que a editora está chamando de Projeto Mrs. Dalloway. Foi a tradutora, também, quem apresentou para a editora o ensaio A Sketch of the Past. Escrito entre 15 de maio de 1939 e 15 de novembro de 1940, ele supostamen­te serviria para Woolf fazer autobiogra­fia. Neste texto, ela elabora o que chama de “momentos de ser” e “momentos de não ser”.

Este ensaio sai em livro ainda este ano, quando a editora lança, ainda, uma recente biografia romanceada da autora de Ao Farol, O Quarto de Jacob e As Mulheres Devem Chorar... Ou Se Unir Contra a Guerra: Patriarcad­o e Militarism­o. Escrito pela francesa Emmanuelle Favier, Virginia conta a vida de uma das maiores escritoras do século 20 num recorte a partir dos seus 20 anos. A morte de seu pai é o ponto de partida do livro lançado em 2019.

Os Diários Completos de Virginia

Woolf ficam para 2021. Também no ano que vem, a editora prevê o lançamento de uma edição de Um Teto Todo Seu para meninas e o infantil A Cortina da Tia Bá . Um Teto Todo Seu, aliás, é encontrado nas livrarias em uma edição da Tordesilha­s, que traz, além do ensaio que dá título ao livro, e que reflete sobre as condições sociais das mulheres, palestras dadas pela autora em universida­des, em 1928. Há ainda a versão pocket pela L&PM com o título Um Quarto Só Seu. O que a Nós vai publicar é uma espécie de adaptação do ensaio para um público jovem, pensando nos coletivos feministas adolescent­es que estão surgindo no País.

Entre as traduções mais recentes da obra da autora nas livrarias brasileira­s estão Três Guinéus, por Tomaz Tadeu, pela Autêntica – editora que vem investindo há anos em Virginia Woolf com edições de luxo –, e Flush, pela Penguin. Tanto Penguin quanto Autêntica, e também a Antofágica e a L&PM, têm em catálogo Mrs. Dalloway.

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A autora. Em domínio público, a escritora inglesa passa a integrar o catálogo da Nós

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