O Estado de S. Paulo

Pandemia faz presidente perder seguidores, diz FGV

Postura no combate ao novo coronavíru­s leva a uma maior rejeição a Bolsonaro no Twitter do que crises políticas

- Bianca Gomes Pedro Prata

O presidente Jair Bolsonaro tem enfrentado maior rejeição nas redes sociais por sua postura na pandemia do novo coronavíru­s do que pelas crises políticas vividas por seu governo.

Dados do Twitter levantados pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/Dapp) a pedido do Estadão mostram que o presidente perdeu capacidade de atrair novos seguidores desde março, quando pediu o fim do isolamento social. Esse foi também o momento em que recebeu mais comentário­s negativos na rede social.

O pronunciam­ento na televisão no dia 24 de março, no qual o presidente classifico­u a pandemia como “histeria”, foi o momento em que ele mais ganhou seguidores (o saldo do dia foi de 32.178) e mobilizou o maior número de menções a seu nome: 655.133 comentário­s. Porém, segundo o estudo, 59% desses comentário­s foram negativos, 40%, positivos e 1%, neutro.

O discurso na televisão, no entanto, represento­u um ponto de virada nas redes sociais do presidente, de acordo com o estudo. Desde o dia seguinte, ele passou a apresentar queda significat­iva em seu saldo de novos seguidores e até 22 de maio não havia conseguido de recuperar, chegando a perder seguidores, de acordo com a análise.

Para o diretor de Análise de Políticas Públicas da FGV, Marco Aurélio Ruediger, o governo falhou na avaliação sobre o impacto que a pandemia teria. Isso fez com que Bolsonaro perdesse uma parte do capital político de apoio que parte do centro emprestava para a direita. “A pandemia turbinou uma crise política que já estava à vista.”

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