Euros de Pedrinho aliviam Corinthians
Com situação financeira agravada pela paralisação do futebol, dinheiro da venda do meia ao Benfica servirá para equilibrar o caixa
Em crise provocada pela paralisação do futebol por causa da pandemia do novo coronavírus, o Corinthians corta despesas e aguarda a chegada de quase R$ 120 milhões nos próximos dias, referentes à venda do meia Pedrinho para o Benfica, de Portugal, para equilibrar as finanças. O clube reduziu o salário de funcionários e jogadores, além de ter encerrado contratos de modalidades que estão paradas, como o basquete, que teve a temporada finalizada ainda no início de maio.
Em contato com o Estadão, o diretor financeiro do Corinthians, Matias Romano Ávila, admitiu que a situação atual é “imprevisível”. Por outro lado, até comemorou o fato de o clube já não contar em seu fluxo de caixa com o dinheiro de bilheteria, usado para pagar a Arena em Itaquera – o pagamento das parcelas está suspenso.
“Estamos enfrentando muitas dificuldades. Acaba sendo uma situação imprevisível. Não sabemos quanto tempo mais isso vai durar, quando as competições vão voltar a ocorrer”, disse o dirigente do Corinthians. “Como resolver isso? Tem de procurar cortar as despesas, porque as receitas foram interrompidas, mas as despesas continuam. Se tem um caixa reforçado, dá para contornar algumas situações. O futebol não tem lucro: é receita e é despesa.”
Segundo Ávila, o Corinthians não demitiu funcionários até o momento. O clube cortou até 70% dos vencimentos dos colaboradores – com piso de R$ 3 mil – e 25% dos jogadores. Também encerrou a ajuda de custo a atletas amadores e de outras modalidades e aguarda para saber se haverá competições de base em 2o2o. Se não tiver, a tendência é de que alguns jovens jogadores e profissionais das comissões técnicas sejam desligados. “Ainda estamos em fase de planejamento. O que fizemos até agora foi para preservar empregos. Mas deixo claro que o Corinthians não vai ‘queimar’ atletas e comissão técnica.”
O dirigente corintiano conversa com o presidente Andrés Sanchez e até com diretores financeiros de outros clubes para avaliar as medidas. Em comparação a outros times, Matias Ávila cita dois fatores positivos para o Corinthians neste momento de crise. O primeiro é que o cofre alvinegro vai receber nos próximos dias quase R$ 120 milhões da venda de Pedrinho para o Benfica, acertada em março por 20 milhões de euros.
O outro alento é que a previsão orçamentária alvinegra já não contava com a renda de bilheteria, porque os valores arrecadados são destinados ao pagamento de parcelas à Caixa Econômica Federal. O Corinthians não faz os depósitos desde julho passado, em razão de divergência na negociação, que foi parar na Justiça – o processo está suspenso a pedido das partes.
Mas a ausência da arrecadação com bilheteria pode dificultar o pagamento do financiamento
no futuro. Em quatro jogos como mandante e com torcida no Paulistão, o Corinthians teve renda líquida de quase R$ 3 milhões. Em uma projeção de quatro partidas em casa por mês, pode ter deixado de arrecadar mais de R$ 10 milhões durante a paralisação causada pela pandemia. O banco cobra R$ 536 milhões do Corinthians. A proposta do clube é pagar R$ 6 milhões em meses com jogos e R$ 2,5 milhões em meses sem partidas.