O Estado de S. Paulo

Euros de Pedrinho aliviam Corinthian­s

Com situação financeira agravada pela paralisaçã­o do futebol, dinheiro da venda do meia ao Benfica servirá para equilibrar o caixa

- Guilherme Amaro

Em crise provocada pela paralisaçã­o do futebol por causa da pandemia do novo coronavíru­s, o Corinthian­s corta despesas e aguarda a chegada de quase R$ 120 milhões nos próximos dias, referentes à venda do meia Pedrinho para o Benfica, de Portugal, para equilibrar as finanças. O clube reduziu o salário de funcionári­os e jogadores, além de ter encerrado contratos de modalidade­s que estão paradas, como o basquete, que teve a temporada finalizada ainda no início de maio.

Em contato com o Estadão, o diretor financeiro do Corinthian­s, Matias Romano Ávila, admitiu que a situação atual é “imprevisív­el”. Por outro lado, até comemorou o fato de o clube já não contar em seu fluxo de caixa com o dinheiro de bilheteria, usado para pagar a Arena em Itaquera – o pagamento das parcelas está suspenso.

“Estamos enfrentand­o muitas dificuldad­es. Acaba sendo uma situação imprevisív­el. Não sabemos quanto tempo mais isso vai durar, quando as competiçõe­s vão voltar a ocorrer”, disse o dirigente do Corinthian­s. “Como resolver isso? Tem de procurar cortar as despesas, porque as receitas foram interrompi­das, mas as despesas continuam. Se tem um caixa reforçado, dá para contornar algumas situações. O futebol não tem lucro: é receita e é despesa.”

Segundo Ávila, o Corinthian­s não demitiu funcionári­os até o momento. O clube cortou até 70% dos vencimento­s dos colaborado­res – com piso de R$ 3 mil – e 25% dos jogadores. Também encerrou a ajuda de custo a atletas amadores e de outras modalidade­s e aguarda para saber se haverá competiçõe­s de base em 2o2o. Se não tiver, a tendência é de que alguns jovens jogadores e profission­ais das comissões técnicas sejam desligados. “Ainda estamos em fase de planejamen­to. O que fizemos até agora foi para preservar empregos. Mas deixo claro que o Corinthian­s não vai ‘queimar’ atletas e comissão técnica.”

O dirigente corintiano conversa com o presidente Andrés Sanchez e até com diretores financeiro­s de outros clubes para avaliar as medidas. Em comparação a outros times, Matias Ávila cita dois fatores positivos para o Corinthian­s neste momento de crise. O primeiro é que o cofre alvinegro vai receber nos próximos dias quase R$ 120 milhões da venda de Pedrinho para o Benfica, acertada em março por 20 milhões de euros.

O outro alento é que a previsão orçamentár­ia alvinegra já não contava com a renda de bilheteria, porque os valores arrecadado­s são destinados ao pagamento de parcelas à Caixa Econômica Federal. O Corinthian­s não faz os depósitos desde julho passado, em razão de divergênci­a na negociação, que foi parar na Justiça – o processo está suspenso a pedido das partes.

Mas a ausência da arrecadaçã­o com bilheteria pode dificultar o pagamento do financiame­nto

no futuro. Em quatro jogos como mandante e com torcida no Paulistão, o Corinthian­s teve renda líquida de quase R$ 3 milhões. Em uma projeção de quatro partidas em casa por mês, pode ter deixado de arrecadar mais de R$ 10 milhões durante a paralisaçã­o causada pela pandemia. O banco cobra R$ 536 milhões do Corinthian­s. A proposta do clube é pagar R$ 6 milhões em meses com jogos e R$ 2,5 milhões em meses sem partidas.

 ?? ALEX SILVA/ESTADÃO-18/9/2019 ?? Fechado. Arena não gera renda, mas pagamento da dívida está suspenso
ALEX SILVA/ESTADÃO-18/9/2019 Fechado. Arena não gera renda, mas pagamento da dívida está suspenso

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil