“Corremos o risco de ver de volta diversas doenças”
Médica alerta para o retorno de doenças se queda na cobertura vacinal se mantiver
Além dos impactos na economia e na vida cotidiana, o isolamento social imposto pela pandemia poderá ter mais um efeito colateral importante: uma queda na procura pela vacinação de rotina1. A questão preocupa especialistas em todo o mundo e especialmente no Brasil, onde uma redução na cobertura vaci-nal já vinha sendo observada1,2, mesmo com os esforços dos pro-fissionais e das autoridades de saúde para engajar a população nas campanhas de imunização.
“Em 2016, tivemos um alerta de que a cobertura vacinal havia sido a pior dos últimos anos no País. Não por acaso, em seguida tivemos surtos importantes de febre amarela e, principalmente, de sarampo”, afirma a médica Barbara Furtado, gerente de Vacinas da GSK. “No Brasil, temos mais de 20 enfermidades que podem ser prevenidas por vacinação. Se a pandemia causar uma redução da cobertura vacinal, corremos o risco de ver a volta de todas essas doenças quando a quarentena terminar”, diz Barbara.
A médica lembra que foi por meio de extensas campanhas de imunização que se alcançou a erradicação da varíola do planeta e o controle da poliomielite, do sarampo e da rubéola, além de redução da mortalidade infantil em muitos países. As vacinas também são fundamentais para a prevenção de doenças que vão da gripe à meningite, reduzindo seus impactos na saúde pública e salvando milhões de vidas3.
“No momento, o sarampo também preocupa, uma doença com um grau de transmissibilidade muito maior que a covid-19”, diz Barbara. “Durante a quaren- tena, é preciso tomar todos os cuidados de higiene, manter o distanciamento social e evitar o transporte público. Mas é funda- mental vacinar.”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) orientaram os governos a man- ter a distribuição de vacinas para outras doenças durante a pan- demia4. Relatório publicado em maio pela OMS revelou que os impactos da pandemia ameaçam deixar 80 milhões de crianças menores de 1 ano de idade de 68 países, em que a vacinação está prejudicada neste momento5.