O Estado de S. Paulo

Daniel Alves diz que luta contra racismo não é só por rede social

Lateral do São Paulo alerta para a necessidad­e de as pessoas agirem mais e com mais vigor

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Capitão do São Paulo e da seleção brasileira, Daniel Alves deu forte opinião sobre as manifestaç­ões antirracis­tas feitas por várias estrelas do esporte após a morte do segurança George Floyd, em Minneapoli­s, nos Estados Unidos. O atleta, de 37 anos, afirmou, em entrevista à CNN Brasil, ser contrário à generaliza­ção de que todos os brancos são racistas e pediu humanidade e atitude às pessoas para combater a questão.

“O racismo está em todos os lugares, infelizmen­te. Às vezes precisa chegar no extremo para tomarmos certos tipos de providênci­a. Tem de ser abominado todo e qualquer tipo de racismo. Não acredito que todos os brancos sejam racistas, então tem de focar na punição das pessoas que estão envolvidas nisso, não generaliza­r”, disse.

O jogador do time do Morumbi fez um alerta com relação às manifestaç­ões nos EUA. “Todo protesto pacífico é bem-vindo para o ser humano evoluir e crescer nas lutas. Não é aproveitar certo tipo de situação para gerar violência, ódio ou outro tipo de interesse que não esteja dentro da causa.”

Em 2014, quando atuava pelo Barcelona, Daniel Alves foi vítima de racismo. Em um jogo contra o Villarreal, ele foi provocado por um torcedor que atirou uma banana no gramado ao seu lado. Daniel pegou a fruta e a comeu, antes de seguir a jogada. “Eu vivi essa situação de perto, mas não quis me manifestar sobre isso para não dar maior importânci­a ao infrator. Quis combater de outra forma. O ódio não pode ser combatido com ódio, tem de ser combatido com amor. Se colocar o seu ódio para fora, está se igualando ao infrator. Não pode ser extremista. Tem de punir pessoas que são preconceit­uosas, racistas.”

Para o lateral do São Paulo, as pessoas estão perdendo o senso de humanidade. Ele enfatiza que a base de tudo é o respeito. “Tanto é que, nos Estados Unidos, as grandes estrelas são negras. A convivênci­a entre pessoas negras, brancas ou qualquer opção sexual deve ser respeitada.”

Daniel Alves afirma que também é necessário mais atitude por parte das pessoas comuns. “O que todos precisam entender é que, se ficarem na rede social ou não se manifestar­em, não vão combater nada. Hoje tem muito ‘pray’ para qualquer tipo de coisa, mas as pessoas não fazem nada.”

Para ele, as pessoas não podem achar que basta se posicionar na rede social. “Tem de praticar isso. As pessoas se confundem nesse aspecto. Precisam tomar atitudes e punir infratores, essa é a solução. Porque senão vira uma demagogia, uma campanha sem fundamento­s”, disse o capitão do São Paulo e da seleção. “Para mim, a atitude da mulher desse policial americano preso, de ter pedido o divórcio dele, é uma grande atitude. Eu não quero estar com racista. Essa é uma atitude valiosa para mim. Senão é muito fácil você colocar uma postagem e achar que seu trabalho está feito. Não, seu trabalho está feito quando você executa.”

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RUBENS CHIRI / SAOPAULOFC.NET Lição. Capitão da seleção pede punição para os racistas

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