Grupos brasileiros podem captar US$ 5 bi no exterior
Empresas de países emergentes têm encontrado receptividade no mercado externo para emitirem papéis de dívida, após dois meses de ressaca causada pela covid-19. Nesse período, apenas companhias de alta qualidade de países desenvolvidos seguiram captando dinheiro lá fora. Alguns especialistas calculam haver a possibilidade de serem anunciadas até US$ 5 bilhões em novas operações brasileiras, a partir das próximas semanas. Não está muito claro quem serão os novos nomes. Esta semana, comentou-se que Suzano poderia ir ao mercado, por conta de encontros com investidores estrangeiros. Na pauta das reuniões, porém, estariam outros temas e não uma eventual emissão. A Braskem é outro nome que passou a circular nas rodinhas virtuais sobre potenciais emissores brasileiros. Na semana passada, a Petrobrás captou US$ 3,25 bilhões no exterior.
» Como de costume.
Os bancos também engordam essa lista. No caso das instituições financeiras de médio porte, a demanda é sustentada pela busca de aumento de capital para fazer frente ao crescimento de operações de crédito.
» High society.
O perfil dos potenciais emissores, dizem especialistas, são de empresas de menor risco, preferencialmente já conhecidas e que pretendem reforçar o caixa, ainda que isso seja feito por meio de troca de dívidas mais caras por mais baratas. Os emissores de alta qualidade norte-americanos, por exemplo, já captaram US$ 1,07 trilhão este ano, sendo mais de US$ 700 bilhões de março para cá.
» Dois dígitos.
As transações recentes de países emergentes têm encontrado demanda de dois dígitos, deixando clara a necessidade por parte dos grandes investidores globais de produtos nos quais possam aplicar seus recursos. Tesouro e Petrobrás atraíram mais de US$ 30 bilhões em suas operações, apesar da agitação política e social no País.
» Mudança de hábito.
As classes C e D aceleraram o processo de digitalização na quarentena e alteraram seus hábitos de consumo. Pesquisa da Superdigital, fintech do Grupo Santander voltada à inclusão financeira, mostra que esses consumidores reduziram gastos em 12% no confinamento. Despesas com transportes, combustíveis e hotéis migraram para redes online e supermercado.
Por partes.
» Para entender o efeito pandemia no consumo das classes C e D, a Superdigital dividiu as compras em três períodos: 30 dias antes da quarentena, um mês após e no segundo mês. Os dados mostram que, entre o 1º e o 2º período, esses clientes gastaram 33% menos em restaurantes, 37% menos com transporte, 28% menos com combustível e 74% menos com hospedagem. Em contrapartida, gastos online cresceram 60%, enquanto com supermercados aumentaram 40%.
» Tá ruim...
Os fundos imobiliários especializados em shopping centers têm demorado mais que outras classes de ativos para se recuperar do baque da pandemia. Até aqui, os fundos de shoppings acumulam desvalorização média de 30% no ano. Nos fundos de tijolos, que englobam lajes corporativas, galpões logísticos e hotéis, por exemplo, a queda foi de 18,8%. Os fundos de títulos, de 10%, apurou o Banco Inter.
» ... mas pode melhorar.
A casa de análises Eleven Financial calcula o potencial de valorização das cotas de fundos de shoppings na ordem de 20% a 25% nos próximos 12 a 18 meses, à medida em que os consumidores voltem a frequentar os centros de compras, e os fundos normalizem os pagamentos de dividendos, que foram suspensos ou reduzidos.
» Aos poucos.
O Brasil tem hoje cerca de 40% dos shoppings em funcionamento, mas as vendas estão de 30% a 50% menores do que no período pré-crise. A normalização do faturamento deve levar dois anos, pelos cálculos da Eleven.
» Grande dia.
Um dos debates mais importantes na área de telecomunicações deve ser definido neste mês de junho. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve pautar em breve o processo que definirá o tratamento regulatório dos canais lineares de TV por meio da internet, como o Fox Play e a HBO Go.
» Só comigo.
As operadoras querem que esses produtos sejam enquadrados nas mesmas regras da TV por assinatura. Assim, os serviços teriam de ser vendidos, necessariamente, por meio das teles. As operadoras reclamam que só elas são obrigadas a cumprir exigências legais e regulatórias e a investir em redes de internet, enquanto os serviços de streaming “surfam” nessa estrutura.