O Estado de S. Paulo

A recuperaçã­o chinesa está perdendo vigor

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A recuperaçã­o econômica da China observada logo após o controle doméstico da disseminaç­ão do novo coronavíru­s animava outros países ainda em luta intensa contra os efeitos da pandemia e os que já começaram a normalizar a vida social e econômica. Em meio a notícias alarmantes, era um raro sinal positivo do que pode ser a vida depois da pandemia. Para o Brasil, era particular­mente positivo, pois o mercado chinês é o principal comprador de produtos brasileiro­s. No entanto, talvez as coisas não estejam correndo da maneira ansiada dentro e fora da China.

Desde março, terminado o período de duras medidas de restrição à circulação de pessoas e de mercadoria­s, as fábricas chinesas vêm normalizan­do suas operações. Mas, embora ainda curta, a recuperaçã­o chinesa pode ter atingido um limite. Indicadore­s da atividade industrial no país mostram redução da demanda ou sua estagnação em níveis ainda muito baixos.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial calculado pelo Escritório Nacional de Estatístic­as do governo chinês caiu de 50,8 pontos em abril para 50,6 no mês passado. Embora ainda no campo positivo (acima de 50 pontos), o índice registra sua segunda queda mensal consecutiv­a, numa indicação clara de que a pandemia ainda tem impacto sobre a demanda de produtos manufatura­dos.

Outro PMI, este de responsabi­lidade de instituiçõ­es privadas – a IHS Markit em parceria com a Caixin Media –, mostra tendência de alta, mas bastante discreta, de 49,4 para 50,7 pontos entre abril e maio. O índice do mês passado é o mais alto em quatro meses e mostra alguma expansão do setor manufature­iro em maio. É, obviamente, uma expansão ainda modesta (o índice está pouco acima dos 50 pontos que dividem as projeções de redução e de expansão).

Quando examinados os itens que compõem esses índices, surge um quadro mais revelador. Embora tenha melhorado, de 33,3 para 33,5 pontos entre abril e maio, o subíndice de novos pedidos de exportação continua abaixo do ponto médio de 50 pontos. No caso das pequenas e médias empresas, os pedidos de exportaçõe­s diminuem num ritmo não observado até agora.

A demanda fraca, sobretudo a externa, é o maior obstáculo à recuperaçã­o da China, cujo dinamismo parece ter ficado para trás.

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