O Estado de S. Paulo

Governo deve estender auxílio emergencia­l por mais dois meses

Proposta em avaliação por equipe econômica é que novas parcelas tenham valor individual de R$ 300

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

O governo deve estender o pagamento do auxílio emergencia­l a trabalhado­res informais por mais dois meses, com um valor de R$ 300 mensais, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

A equipe econômica avalia editar uma medida provisória para ampliar o período de duração do benefício, criado para dar suporte a trabalhado­res informais, autônomos, desemprega­dos e microempre­endedores individuai­s durante o período mais agudo da crise provocada pelo novo coronavíru­s.

A MP, que teria vigência imediata, é necessária porque a lei do auxílio emergencia­l prevê a possibilid­ade de prorrogaçã­o, mas com o valor atual de R$ 600. A área econômica entende que não é possível estender o pagamento de um benefício, no mesmo montante, por período muito mais longo que os três meses previstos inicialmen­te, devido ao alto custo da política.

A despesa mensal do auxílio está em R$ 51,5 bilhões, e todos os gastos do governo para combater a pandemia e seus efeitos estão sendo bancados com o aumento do endividame­nto do País. O programa já concedeu o auxílio a 58,6 milhões de brasileiro­s.

Um relatório de acompanham­ento do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou riscos orçamentár­ios de uma prorrogaçã­o do auxílio emergencia­l até o fim do ano no mesmo valor de R$ 600. No formato atual, a prorrogaçã­o da ajuda poderia elevar a despesa com proteção social a R$ 379,5 bilhões este ano. Hoje, o custo está em R$ 152 bilhões.

Para o TCU, qualquer prorrogaçã­o do auxílio emergencia­l a informais no segundo semestre deste ano deveria ser discutida de forma coordenada entre os ministério­s da Cidadania, da Economia e da Saúde para focalizar o público-alvo e ser sustentáve­l do ponto de vista fiscal. Isso porque a duração do auxílio depende do ritmo de retomada da atividade econômica, que por sua vez está ligada à abrangênci­a das medidas de distanciam­ento social, que varia conforme o nível de contágio pela covid-19 e a capacidade de resposta do sistema de saúde.

Na visão dos auditores, o Ministério

da Saúde tem um papel central de manter as outras duas Pastas informadas sobre o avanço da covid-19 tanto em nível nacional quanto regional. “Esse conjunto de informaçõe­s será fundamenta­l para focalizar o público-alvo, definir o valor e a duração de benefícios sociais no segundo semestre, incluindo informaçõe­s que identifiqu­em diferenças regionais relevantes entre Estados e municípios”, diz o parecer.

Renda básica. A prorrogaçã­o do benefício deve ser um primeiro passo na discussão sobre a criação de novo programa de renda básica no País. Como mostrou o Estadão/Broadcast, a equipe econômica quer atrelar esse debate a uma revisão de gastos sociais considerad­os ineficient­es. Na mira dos técnicos, estão despesas como abono salarial, seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida) e farmácia popular.

Na área econômica, a avaliação é de que esse debate deve começar, mas “sem pressa”. A ideia é discutir como melhorar a alocação dos recursos que já existem no Orçamento para fortalecer as políticas sociais e melhorar a distribuiç­ão de renda. Alguns dos benefícios existentes hoje, como o próprio abono ou a farmácia popular, acabam contemplan­do, inclusive, famílias de renda mais alta.

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO Espera. Fila em frente de agência da Caixa para sacar auxílio

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