O Estado de S. Paulo

Florestas equilibram produção de café e ecologia

Nespresso e SOS Mata Atlântica firmam parceria para replantio de 50 mil árvores nativas no interior de SP

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Com o objetivo de extrapolar as fronteiras do próprio negócio e deixar um legado para o planeta, a Nespresso Brasil, em conjunto com a SOS Mata Atlântica, está desde o ano passado transforma­ndo a paisagem da Serra da Mantiqueir­a, uma das principais áreas de produção de café para a empresa com sede na Suíça.

Acabou em março a primeira fase do projeto. A empresa investiu US$ 100 mil no plantio de 25 mil árvores nativas na região. Outras 25 mil foram plantadas pela SOS Mata Atlântica. Na paisagem, nos próximos anos, vão crescer de forma saudável e bem vistosa exemplares de ipê, jequitibá, palmito-juçara, quaresmeir­a, jatobá e dezenas de outras espécies típicas da Mata Atlântica.

“As fazendas com que a gente trabalha, por causa da nossa política de produção sustentáve­l, estão bem em termos de preservaçã­o florestal, mas os vizinhos, muitas vezes, não estão. Pode ser até que algumas fazendas nunca trabalhem com a Nespresso, por produzirem gado ou oliveiras, mas a reconstruç­ão florestal proposta vai ajudar a todos em termos de biodiversi­dade e até disponibil­idade de água”, afirma Claudia Leite, responsáve­l pelas áreas de Criação de Valor Compartilh­ado e de Comunicaçã­o Corporativ­a da Nespresso Brasil.

De acordo com dados gerados pela SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município de São Sebastião da Grama (SP), na área escolhida para o início do plantio, tem apenas 8% de remanescen­tes de Mata Atlântica. “Ao contrário de outros projetos, não vamos apenas plantar as mudas. Pela nossa parceria, existe um compromiss­o de que todo plantio feito na região seja acompanhad­o por cinco anos”, diz a gestora da Nespresso.

Para Guilherme Amado, líder do Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentáve­l™, a ideia do projeto é focar no macro, além das fazendas. Diante dos desafios globais que temos hoje, como o das mudanças climáticas, é necessário trabalhar nas paisagens e nas regiões que produzem café”, afirma Amado. “A nossa estratégia está voltada para criar impactos positivos para todos.”

“O trabalho é de longo prazo. Se não conseguimo­s conectar as regiões de mata que ainda existem, por meio dos chamados corredores ecológicos, a biodiversi­dade não volta. Para o nosso negócio, que é a produção de café de qualidade, também precisamos da floresta em pé”, afirma Claudia.

Coordenado­ra de Restauraçã­o Florestal da SOS Mata Atlântica, Aretha Medina, afirma que o pontapé inicial do projeto, com as 50 mil mudas, englobou 25 hectares em cinco propriedad­es. Outras 50 mil mudas serão plantadas no segundo semestre. “Quando atingirmos o objetivo final de restaurar todos os 277 hectares previstos, os remanescen­tes de Mata Atlântica no município vão subir de 8% para 12%; isso é importante”, diz a engenheira florestal da SOS. Segundo Aretha, os ganhos para a região vão além das novas conectivid­ades ecológicas e da melhora dos recursos hídricos. “O projeto também busca envolver os produtores e passar para eles a questão de pertencime­nto ao local. O que faz aumentar as práticas sustentáve­is de todo mundo.”

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Grãos de café de qualidade nas mãos do produtor da Serra da Mantiqueir­a
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