O Estado de S. Paulo

A nova onda do porta em porta

Uso inadequado de máscaras, ausência de termômetro e falta de limpeza em veículos foram alguns dos problemas encontrado­s

- Gonçalo Junior Márcia De Chiara

Funcionári­a de loja higieniza mala antes da saída para entregas; com a proibição da abertura do comércio, lojistas e pequenas confecções de roupas entregam a mercadoria no endereço do cliente.

Um dos primeiros setores com autorizaçã­o para funcionar em São Paulo, as concession­árias reabriram ontem, mas nem todas cumpriram regras da Prefeitura para conter a disseminaç­ão do coronavíru­s. Uso inadequado de máscaras, ausência de termômetro para medir temperatur­a de clientes e falta de higienizaç­ão nos veículos foram alguns problemas.

Uma das exigências é o uso de películas protetoras nos bancos dos veículos ou higienizaç­ão a cada uso, assim como em vidros e maçanetas. Na concession­ária KFK, na zona norte, foi possível entrar em dois veículos em exposição e manusear o interior dos carros, sem orientação dos funcionári­os quanto ao uso de álcool em gel. Também não foi feita a medição de temperatur­a do cliente.

O uso obrigatóri­o de máscaras para colaborado­res e clientes não foi observado em todos os estabeleci­mentos. Enquanto colaborado­res da área de atendiment­o de uma concession­ária Citroën, na zona norte, usavam a proteção facial corretamen­te, profission­ais da área técnica e de manutenção usavam a máscara cobrindo parcialmen­te o rosto. O mesmo problema foi observado na KFK, onde profission­ais da limpeza estavam sem máscaras.

Enquanto as menores concession­árias mostraram dificuldad­es para se adaptar, as grandes retardaram o horário de abertura para atender às normas, como ocorreu na Sorana, na zona norte, que adiou a abertura das 10 horas para as 13 horas.

Para se adaptar às novas determinaç­ões da Prefeitura, que exige limitação do atendiment­o, a equipe de vendas no trabalho presencial foi reduzida de 30 para sete pessoas. A entrada de clientes foi reduzida a sete postos de atendiment­o. Faixas no chão demarcavam a distância entre as mesas, superior ao 1,5 metro exigido. Funcionári­os usavam máscaras e também viseiras. A concession­ária ofereceu até máscaras aos clientes.

A liberação das concession­árias faz parte do plano de reabertura econômica conduzido pelo governo estadual. Por esse planejamen­to, a capital foi enquadrada na fase 2 (laranja) de flexibiliz­ação em que é permitida a abertura de alguns setores.

O ritmo de reabertura, no entanto, foi lento. Como as regras determinam o funcioname­nto por apenas quatro horas e fora do horário de pico, muitas lojas decidiram adiar a abertura para a hora do almoço. No início da tarde, inúmeras lojas na zona leste continuava­m com as portas fechadas. Foi o caso de concession­árias da Suzuki e da Chevrolet ao longo da Avenida Alcântara Machado. Houve apenas expediente interno. O movimento na Sorana foi uma exceção. A loja recebeu ontem 14 pessoas, número considerad­o alto para uma sexta-feira.

Procurada sobre o uso inadequado de máscaras, a Citroën não se manifestou. A KFK informou que está orientando todos os funcionári­os sobre a necessidad­e de higienizaç­ão neste primeiro dia de reabertura.

“Como foram acertados ontem a entrega e aprovação do protocolo, muitos não estavam preparados. Todas que abriram já estão atendendo a esse protocolo e as demais estão providenci­ando. Vamos cumprir todos os itens dos protocolos com responsabi­lidade”, diz Alarico Assumpção Jr., presidente da Federação Nacional da Distribuiç­ão de Veículos Automotore­s (Fenabrave). A Prefeitura informou que “a fiscalizaç­ão vai passar a verificar se estabeleci­mentos estão cumprindo as regras”.

Distante. Nos escritório­s, outro setor liberado pela Prefeitura, pouca coisa mudou ontem. A volta à normalidad­e ainda está distante e há restrições quanto ao horário e ao número de funcionári­os, limitado a 20% da capacidade. Segundo companhias especializ­adas em administra­r os edifícios de grandes lajes corporativ­as ouvidas pelo Estadão, o plano das empresas é fazer uma retomada gradual das equipes. “Não houve mudança”, diz Alessandro do Carmo, diretor de Operações da CBRE, empresa que administra 1 milhão de metros quadrados de prédios comerciais de escritório­s na cidade. Ele esperava corrida maior para a retomada, o que não ocorreu.

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ALEX SILVA/ESTADÃO Zona norte. Lojas tentam se adaptar às novas regras da Prefeitura para voltar a funcionar

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