Político bolsonarista
Ainda sobre o artigo Opinião e
princípios (3/6, A2), fica cada vez mais claro que o vice-presidente, Hamilton Mourão, é um político do bolsonarismo, sem nenhum traço do personagem confeccionado para o general de alternativa, da palavra tranquila, referência de equilíbrio. Seu texto expõe uma fantasia: uma sociedade brasileira pacífica, bem conduzida, nas mãos de um governo competente, de repente sendo perturbada e ameaçada por grupos terroristas que, calculadamente, resolveram atacar no fim de semana passado. Pior: eles contam com cúmplices instalados na imprensa, no Judiciário, no Congresso. Uma estratégia, como se vê, na linha do terrível marxismo cultural globalista contra o qual o bolsonarismo veio combater, com a bênção de Trump, Deus, Pátria & Família. Mourão nem sequer tem dúvidas: não há crime nos fins de semana na porta do Planalto, com o presidente estimulando, participando e agradecendo o apoio de grupos com faixas exigindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso e a volta da ditadura militar. Também é absolutamente legal, pauta perfeita de uma reunião ministerial, exigir armar a população para reagir a medidas legais de prefeitos e governadores em meio a uma pandemia que o irresponsável negacionista se recusa a reconhecer. Para Mourão, é inadmissível haver racismo no Brasil, motivo pelo qual não cabe importar reivindicações alienígenas. A propósito, aliás, devem ter sido extraídas do folclore brasileiro as máscaras e tochas no grupo de madrugada, na Praça dos Três Poderes, ameaçando o STF. Mourão tem de ser visto como o que, de fato, é: um político bolsonarista.
ANTÔNIO MÁXIMO M. DA ROCHA
MAXIMOJEREMIAS@GMAIL.COM
RIO DE JANEIRO