Governo ainda não vê um novo ‘junho de 2013’
Apesar de Jair Bolsonaro ter subido o tom em relação às manifestações contrárias a ele, nos bastidores do governo gente importante ainda não vê motivo para pânico: a avaliação é de que, por ora, os protestos não devem evoluir para um “novo junho de 2013”. O risco de violência nos atos e a pandemia da covid-19 são fatores de desagregação da oposição, acreditam. Os serviços de inteligência “oficial” monitoram as movimentações. À Coluna, uma autoridade da Segurança disse que o clima é tenso entre policiais militares, alinhados com Bolsonaro.
» Todo mundo. O Executivo também está vigiando grupos pró-governo, em especial o chamado “300 do Brasil”, liderado pela ativista Sara Winter. O intuito, no entanto, é não fazer alarde a ponto de “levantar muito a bola” da ativista.
» Narrativa. Ministro importante do governo enxerga mais ou menos assim a disputa nas ruas: manifestantes contrários ao presidente “tapam o rosto”, “usam preto” e “têm tatuagens”; nos atos pró-Bolsonaro, a turma “veste verde e amarelo” e “há crianças”.
» Fora ele... O presidente do PSB, Carlos Siqueira, pediu calma em relação aos protestos contra Bolsonaro por causa da pandemia. Mas admite que, certamente, haverá gente na rua.
» …em casa. “E, obviamente, se houver repressão policial, seremos solidários. Espero que quem vá fique de olho e tenha um esquema de segurança próprio para evitar excessos. Pode até haver, quem sabe, infiltrados (para provocar violência)”, afirmou à Coluna.
» Relax. Mesmo diplomatas críticos à política externa bolsonarista acham que a crítica de Trump ao Brasil deve ser interpretada sob a ótica das eleições dos EUA. O presidente americano busca exemplos externos ruins de combate à pandemia para diluir a pressão sobre seu governo.
» Relax 2. O provável embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, foi nessa linha, em conversa com a Coluna: “(Trump) Estava mais querendo defender os Estados Unidos do que atacar quaisquer países”, disse, lembrando que ele também citou a Suécia como mau exemplo.
» Perigo. A carta dos deputados democratas da Comissão de Orçamento da Câmara dos EUA, essa sim, deve ser motivo de alerta. O texto prega oposição a acordos comerciais com “o Brasil do presidente Bolsonaro”.
» Aula. Está nos livros: no dia 9 de novembro de 1889, dom Pedro II foi ao Baile da Ilha Fiscal. Já no salão, escorregou e caiu. Levantou-se e disse: “O monarca tropeçou, mas a monarquia não caiu”. Seis dias depois, porém, o regime desabou. » Bastão. Na primeira reunião de secretariado do governo paulista com a presença de Mauro Ricardo (gestão orçamentária), o vice Rodrigo Garcia expressou alívio: “Deixo de ser o mãos de tesoura do corte de gastos do governo”. Ricardo absorveu áreas das secretarias de Garcia e de Henrique Meirelles.
» Nudes. As fotos de Vampeta enviadas a Douglas Garcia (PSL-SP) devem motivar outras ações do tipo, os “vampetaços”, nas redes sociais. O deputado pediu “denúncias” de quem são os líderes dos protestos contra Bolsonaro. Recebeu ensaios do ex-volante do Corinthians peladão.
COM MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA