O Estado de S. Paulo

Bolsonaro cogita Força Nacional em ato

Presidente volta a chamar manifestan­tes contrários a seu governo de ‘marginais’ e discute até o uso de tropa federal amanhã em protesto

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA Daniel Weterman ENVIADO ESPECIAL ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS /COLABOROU FELIPE FRAZÃO

Com o temor de que atos previstos para amanhã se transforme­m em grandes movimentos de rua contra seu governo, o presidente Jair Bolsonaro intensific­ou ontem as críticas aos manifestan­tes e discute até mesmo convocar a Força Nacional de Segurança Pública para atuar nos protestos.

Ao inaugurar um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, cidade próxima a Brasília, Bolsonaro chamou novamente de “marginais” integrante­s de grupos contrários ao seu governo.

O presidente também voltou a pedir que seus apoiadores não participem desses atos. “Que o outro lado que luta pela democracia, que quer o governo funcionand­o e quer um Brasil melhor e preza por sua liberdade, que não compareça às ruas nesses dias para que (...) a Força de Segurança, nossas forças estaduais, bem como a nossa (Polícia) Federal possam fazer seu devido trabalho, (se) porventura esses marginais extrapolar­em os limites da lei”, afirmou Bolsonaro.

Como mostrou o Estadão,o Palácio do Planalto tem receio de que manifestaç­ões em defesa da democracia e contra o governo cresçam, aumentando a pressão pelo impeachmen­t do presidente.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que não vai solicitar a Força Nacional para acompanhar os atos de amanhã. “O principal objetivo do governo do Distrito Federal, em relação às manifestaç­ões públicas programada­s para o próximo domingo, dia 7, na Esplanada dos Ministério­s, é garantir a segurança das pessoas e a integridad­e do patrimônio público”, afirmou o governo, em nota. “As forças de segurança do Distrito Federal, assim como outros órgãos do GDF, estarão nos locais dos eventos com o efetivo necessário para garantir a livre manifestaç­ão e a ordem.”

Ao criticar os protestos, Bolsonaro também tenta criminaliz­ar os movimentos. Nos últimos dias, ele tem classifica­do os manifestan­tes contra o governo não apenas de “marginais”, mas também de “terrorista­s” e “viciados”.

Se a presença da Força Nacional for autorizada, não será a primeira vez que esse contingent­e vai atuar sob a gestão Bolsonaro. Em maio do ano passado, por exemplo, os agentes acompanhar­am atos na Esplanada. A função da Força neste tipo de missão é a de proteção do patrimônio público, para evitar que haja depredaçõe­s de prédios de ministério­s.

Bolsonaro recebeu ontem um grupo de líderes evangélico­s que oraram, no Planalto, contra a “baderna” e o “quebra-quebra” e pregaram a harmonia entre os Poderes. Sem citar os pedidos de impeachmen­t para afastar Bolsonaro, os religiosos se manifestar­am contra a “convulsão social e institucio­nal” e disseram que é Deus quem escolhe e retira as autoridade­s públicas.

“O povo brasileiro é um povo pacífico, não é povo de quebraqueb­ra, nem de baderna. A marca do povo brasileiro é o povo do verde e amarelo”, disse o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, um antigo aliado e apoiador do presidente. “Esse País não vai ser Venezuela, não vai ser destruído por ninguém. Esse País não vai falir.”

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