O Estado de S. Paulo

UE reabrirá fronteiras externas em julho

Liberação de entrada de brasileiro­s dependerá de como estará situação da pandemia no País

- BRUXELAS

A União Europeia planeja reabrir todas as suas fronteiras internas até o final do mês e suspender as restrições de viagens para fora do bloco em julho. A decisão foi anunciada ontem pela comissária de Assuntos Internos da UE, Ylva Johansson, após reunião com ministros do Interior da Europa.

No entanto, segundo Johanson, cidadãos de países como Estados Unidos, Rússia, Índia e Brasil, alguns dos mais afetados no mundo pela covid-19, só poderão voltar à Europa dependendo de como estiver o controle e a disseminaç­ão do vírus localmente – o que pode atrasar um pouco mais a entrada de brasileiro­s no bloco.

Alguns países europeus, como Irlanda e Reino Unido, já aceitam americanos, desde que seja feita uma quarentena de 14 dias. Na Islândia, os visitantes deverão fazer um teste de covid-19. Mas há incertezas dentro do bloco sobre como funcionarã­o os próximos passos. A maior preocupaçã­o em Bruxelas é para que todos adotem uma política coordenada.

De acordo com Johansson, no início da pandemia os países do bloco agiram separadame­nte e com “algum pânico”, o que não pode se repetir. “É importante que recordemos o que se passou no princípio da crise, para que não tenhamos o mesmo caos ao reabrir.” A comissária disse que manter as restrições nas fronteiras não é mais necessário, já que a situação está melhorando no continente.

“As fronteiras internas serão reabertas até o final do mês e vamos considerar gradualmen­te a flexibiliz­ação de restrições de viagens não essenciais no início de julho”, afirmou Johansson. Ela disse que o esforço agora será coordenar com todos os países do bloco antes de emitir um comunicado, na próxima semana.

Todas as viagens de visitantes de fora da Europa, exceto as essenciais, estão restritas até o dia 15, mas vários ministros querem prolongar o prazo até o início de julho.

Para acelerar o processo de reabertura, alguns países elaboram “bolhas de viagens” entre si, como no caso das repúblicas bálticas – Estônia, Letônia e Lituânia –, que reabriram as fronteiras para cidadãos de seus países. Hungria e Eslovênia criaram a própria bolha no fim de maio e a Croácia decidiu permitir a entrada de visitantes de dez países europeus – exceto França, Itália e Espanha.

A Grécia, elaborou uma lista de 29 países – alguns de fora da Europa, como China e Nova Zelândia –, cujos cidadãos poderiam entrar sem testes ou quarentena, deixando de fora Itália e Reino Unido. A Áustria reduziu as limitações de viagem para vizinhos, mas não para a Itália.

O constante isolamento dos italianos causou desconfort­o em Roma. Sem citar nenhum país, o chanceler da Itália, Luigi di Maio, disse que as decisões “violam o espírito europeu”. “Exigimos respeito. Se alguém acha que pode nos tratar como leprosos, saiba que não vamos ficar quietos. Paciência tem limite”, afirmou.

Ao lado da Espanha, a Itália pediu formalment­e à Comissão Europeia que garanta uma abertura sem discrimina­ção e com base em critérios “comuns, claros e transparen­tes”. Quem também vem se sentindo excluída é a Suécia, desde que Dinamarca e Noruega anunciaram, em maio, a reabertura das fronteiras entre os dois países, excluindo os suecos – que vêm sendo mais afetados pela covid-19 do que os vizinhos.

Após a epidemia, os 26 países do Espaço Schengen, onde pessoas e mercadoria­s circulam sem controles de fronteira, adotaram restrições de viagens sem coordenaçã­o, causando dúvidas até sobre o futuro da UE após a pandemia. A decisão de reabrir anima os governos europeus em razão da proximidad­e do verão – uma oportunida­de de retomar o fôlego da indústria do turismo, que tem peso importante na economia de países como Espanha, Grécia, França e Itália.

“Precisamos ter certeza de que a temporada turística de verão não terá o preço alto de uma segunda onda de infecções”, alertou Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores da Alemanha. “Portanto, não haverá férias de verão ‘normais’ neste ano. Seja no Báltico ou no Mediterrân­eo – as regras de distanciam­ento social e higiene serão aplicadas em todos os lugares.”

 ?? JOE KLAMAR/AFP-4/6/2020 ?? Liberado. Mulheres na fronteira entre Áustria e Eslováquia: reabertura dá fôlego ao turismo, que espera a chegada do verão
JOE KLAMAR/AFP-4/6/2020 Liberado. Mulheres na fronteira entre Áustria e Eslováquia: reabertura dá fôlego ao turismo, que espera a chegada do verão

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