O Estado de S. Paulo

Deputados de oposição a Doria invadem Anhembi

- Bruno Ribeiro

Um grupo de cinco deputados estaduais de São Paulo invadiu na tarde desta quinta-feira, o Hospital de Campanha do Anhembi, na zona norte da cidade, sob o argumento de fazer uma vistoria no local, que recebe pacientes de baixa e média complexida­de infectados pelo coronavíru­s. Em nota, a Prefeitura informou que “reitera total repúdio a atitudes violentas e ações deliberada­s para tentar enganar a opinião pública”.

A situação envolveu Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), Capitão Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante). As supostas irregulari­dades que o grupo iria denunciar estavam ligadas à subutiliza­ção do espaço, que tem capacidade para até 1.800 pacientes e atende, no momento, 407 pessoas. A entrada do grupo foi feita mediante empurrões e gritos entre os parlamenta­res, seus assessores e funcionári­os do hospital. Os deputados postaram essas cenas em suas redes sociais.

Para a Prefeitura, o deputados agiram “de maneira desrespeit­osa, agredindo pacientes e funcionári­os verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmen­te não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade”. Ao Estadão, Telhada (PP), questionou os leitos ociosos. “Como eles estão falando que vão ter de transferir pacientes para o interior,

se tem leitos?” A questão é que o hospital de campanha não tem leitos de UTI, mas alguns desses equipament­os para a estabiliza­ção de pacientes, caso apresentem piora de saúde.

Telhada nega que tenha invadido o espaço. “Liguei para secretário (da Saúde) Edson Aparecido”, disse. Funcionári­os e o próprio secretário tentaram pedir para os deputados agendarem um horário, mas ele disse que não queria esperar.

Telhada citou ainda os valores pagos com seguranças e para a hospedagem de médicos, enfermeiro­s, fisioterap­eutas e psicólogos que trabalham no local, que superaria R$ 18 milhões, porém sem afirmar que o valor é irregular. Também citou que uma das empresas que administra o hospital, o Iabas, está envolvida em irregulari­dades no Rio, sem apontar nenhuma suspeita concreta sobre o contrato com a Prefeitura. O deputado, entretanto, reconheceu que os pacientes relataram que estão sendo bem tratados pela equipe do hospital. “Preciso ser justo, também”, disse.

Os políticos formaram um grupo na Assembleia chamado “PDO”, de Parlamenta­res em Defesa do Orçamento, com o argumento de verificar gastos públicos durante a pandemia. O grupo faz oposição ao governador João Doria (PSDB).

Violência. “Além da invasão e das atitudes violentas, os parlamenta­res filmaram as alas do hospital que ainda não foram ativadas, mas que estão prontas para serem colocadas em funcioname­nto caso seja necessário”, disse a Prefeitura, por nota. “E também gravaram pacientes sem autorizaçã­o prévia, muitos dos quais estavam sendo higienizad­os em seus leitos.”

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