FPF tenta acelerar retomada de treinos
Futebol. Entidade reúne times do Paulistão após Bragantino recomeçar trabalhos, cria protocolo e aguarda resposta do governo estadual
Três dias depois de o Red Bull Bragantino ter reiniciado os seus treinamentos e provocado polêmica com outros clubes que disputam a Série A1 do Campeonato Paulista, representantes da Federação Paulista de Futebol (FPF) e os 16 presidentes das equipes que compõem o torneio participaram de uma reunião virtual ontem. Os cartolas decidiram elaborar um protocolo único para que todos os times possam voltar a trabalhar o mais rápido possível após a paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus e agora esperam o aval do governo do Estado até a próxima terça-feira.
Na terça passada, após receber autorização da prefeitura de Bragança Paulista, o Red Bull Bragantino iniciou as atividades em campo com seus jogadores, seguindo protocolo apresentado ao executivo municipal. Contudo, os outros clubes que disputam o Paulistão continuam com seus elencos realizando treinamentos individuais e em isolamento social.
A atitude gerou críticas e o clube de Bragança se defendeu, alegando que “sempre agiu dentro da legalidade” e que “não há nenhuma tentativa de se obter vantagem técnica, mas, sim, de dar um primeiro passo consciente e seguro rumo à retomada do futebol”.
Ontem, em videoconferência, ficou decidido que FPF e os times encaminharão novamente ao governador João Doria (PSDB) e às prefeituras uma “proposta minuciosa para a retomada das atividades nas cidades em que elas ainda não foram liberadas”.
A iniciativa ganhou força, segundo a FPF, “diante da flexibilização da quarentena anunciada pelas autoridades públicas paulistas, inclusive com liberação a shoppings, que contam com cuidados menos rigorosos do que os previstos pelo protocolo do Futebol Paulista”.
Em nota divulgada nas redes sociais, a FPF informa que o novo protocolo irá prever a testagem de todos os profissionais, com retomada gradual dos treinamentos, iniciando com atividades individuais e em ambientes abertos. O Campeonato Paulista foi suspenso em 16 de março, após o encerramento da 10.ª rodada da primeira parte do torneio, por causa da pandemia do novo coronavírus – restavam apenas duas rodadas a serem disputadas na fase de classificação e toda a etapa decisiva. Dos quatro grandes, apenas o Corinthians não estava na zona de classificação do seu grupo.
Nesta semana, o técnico do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, disse ao Estadão que achava errado um time voltar e outro não, como está acontecendo no Brasil, e que isso poderia prejudicar algumas equipes. No caso do futebol paulista, os jogadores estão treinando em suas casas.
Críticas. Até agora, o líder geral da competição é o Santo André. Em entrevista ao Estadão, Sidney Riquetto, presidente do clube do ABC, afirmou que a reunião foi “pouco produtiva”. “A federação ainda não tem autorização oficial do governo estadual para liberar os treinamentos. Segunda-feira à noite teremos uma reunião do Comitê Médico e na terça-feira será enviado um protocolo para o governo. Em alguns momentos a reunião foi constrangedora, pois algumas equipes já retornaram aos treinos, mas o Red Bull Bragantino foi o único a admitir, quebrando a união de atitude entre os clubes”, lamentou.
Riquetto afirmou ainda que os treinamentos obedecerão a rígidas normas higiênicas. “Temos o protocolo a seguir, com testes antes dos treinos, confinamento dos atletas, etc. Acho que nossas atividades serão mais seguras do que outros tipos de trabalho, como funcionários de shoppings ou supermercados.”
Sidney Riquetto
PRESIDENTE DO SANTO ANDRÉ ‘A reunião foi constrangedora, pois alguns times já retornaram aos treinos, mas o Red Bull Bragantino foi o único a admitir’