O Estado de S. Paulo

Ásia ganha peso no comércio exterior do País

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Com a deterioraç­ão da economia global decorrente da crise do novo coronavíru­s, as exportaçõe­s brasileira­s dependem ainda mais da Ásia e, em especial, da China, para se manter. Entre maio de 2019 e maio de 2020, as vendas para a Ásia cresceram 27,7% e para a China – que já absorve 40,4% do total das exportaçõe­s brasileira­s – aumentaram 35,2%. Com exportaçõe­s de US$ 17,9 bilhões e importaçõe­s de US$ 13,4 bilhões, o superávit comercial de maio foi de US$ 4,5 bilhões e superou as estimativa­s das consultori­as econômicas. Menos significat­ivo é o fato de o superávit ter sido menor que o de US$ 5,7 bilhões registrado em maio de 2019, pois as importaçõe­s de maio de 2020 foram infladas pelo registro de compra de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 2,7 bilhões.

O componente mais negativo do comércio exterior foi a diminuição, de 43,5% entre maio de 2019 e maio de 2020 e de 28,9% entre janeiro e maio de 2019 e de 2020, das exportaçõe­s para os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do Brasil. Também caíram muito as vendas para a América Latina, principalm­ente para a Argentina, e, com menos intensidad­e, para a Europa.

Ante a fraqueza das importaçõe­s (excluídas plataforma­s) decorrente da queda da demanda local, as projeções para o superávit comercial de 2020 são crescentes. Para o mês corrente, a LCA Consultori­a espera superávit de US$ 6 bilhões. Para 2020, a área técnica do Banco Itaú tem expectativ­a de saldo positivo de US$ 60 bilhões, superior em quase US$ 20 bilhões ao de 2019. A consequênc­ia é a melhora das contas cambiais do País. As transações correntes foram superavitá­rias em março e abril.

A previsão é de que as exportaçõe­s de produtos primários – como soja, carnes, milho, minério de ferro e petróleo – continuem fortes nos próximos meses, compensand­o, em parte, o declínio das vendas de manufatura­dos e evitando queda maior das vendas totais ao exterior. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi), acentuou-se, em 2020, o declínio registrado em 2019: as exportaçõe­s de manufatura­dos caíram 34,2% entre os bimestres abril/maio de 2019 e de 2020.

Os efeitos negativos sobre o País das crises sanitária e econômica seriam mais intensos não fosse o vigor do agronegóci­o e da demanda asiática.

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