O Estado de S. Paulo

Desemprego nos EUA recua para 13,3% em maio

Economista­s explicam recuo no mês, em relação aos 14,7% de abril, aos programas de estímulo do governo de Donald Trump

- THE NEW YORK TIMES / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O mercado de trabalho americano reverteu inesperada­mente sua queda livre em maio, com os empregador­es trazendo de volta milhões de trabalhado­res após as demissões induzidas pela pandemia, e o índice de desemprego caiu. Dezenas de milhões de pessoas continuam sem trabalho, e o desemprego, que caiu de 14,7% em abril para 13,3% em maio, continua mais alto do que em qualquer recessão do pós-guerra.

Mas os empregador­es criaram 2,5 milhões de empregos em maio, de acordo com dados divulgados pelo Departamen­to do Trabalho ontem, contrarian­do as expectativ­as dos economista­s que previam novas perdas e trazendo esperança de uma recuperaçã­o mais rápida do que o imaginado após a crise causada pela pandemia do novo coronavíru­s.

O relatório destaca que “houve alta significat­iva no emprego nos setores de lazer, hotelaria, construção, ensino e serviços de saúde, bem como varejo”, mesmo com os empregos governamen­tais ainda em declínio.

Na dianteira. Entre os setores que impulsiona­ram a recuperaçã­o parcial do mercado de trabalho em maio estão restaurant­es e bares, serviços de saúde e construção. Cerca de 1,4 milhão de pessoas recuperara­m ou conseguira­m emprego nesse setor, mesmo com os hotéis ainda demitindo. Cerca de 460 mil trabalhado­res foram contratado­s ou recontrata­dos na construção, 370 mil no varejo e 390 mil na saúde e assistênci­a social.

Os dados contam a história de uma recuperaçã­o conforme as economias estaduais e locais começam a reabrir e os cheques do programa de proteção à renda começam a chegar, fomentando novas contrataçõ­es e trazendo os trabalhado­res de volta às folhas de pagamento.

“A economia ainda está se apoiando fortemente no estímulo”, disse Michelle Meyer, diretora econômica para os EUA no Bank of America. “Quando esse estímulo começar a perder força, saberemos muito mais a respeito da robustez subjacente dessa recuperaçã­o.”

A melhoria ocorre com a chegada dos cheques do governo, que ajudaram os consumidor­es a retomar parte dos gastos e incentivar­am as empresas a recontrata­r. Quase nada do auxílio federal contra a pandemia tinha chegado aos lares e empresas na época da publicação do relatório de abril. Já em maio, centenas de bilhões de dólares tinham sido distribuíd­os.

Michelle destacou que mais da metade dos empregos criados em maio – 1,4 milhão – foram em restaurant­es e bares, muitos dos quais provavelme­nte receberam assistênci­a do programa governamen­tal de proteção à renda. O relatório indica que o programa, somado a outros, ajudou a compensar parte o estrago econômico.

O presidente Trump comemorou a inesperada boa notícia do relatório de empregos, descrevend­o-a como sinal de uma recuperaçã­o rápida, mesmo com os economista­s alertando que uma plena recuperaçã­o do mercado de trabalho pode só ocorrer daqui a anos. “Foi incrível”, disse Trump no Rose Garden. “Voltaremos a ter a maior economia do mundo.”

Mais tarde, Trump previu que o país passaria por uma melhoria ainda mais positiva que a chamada recuperaçã­o em V após a recessão, modelo que prevê um rápido retorno da atividade após a queda. “É melhor do que um V”, disse ele. “É como um foguete!”

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