Doria atrasa liberação e irrita clubes de futebol
Governador determina volta aos treinos só a partir de 1º de julho, e não imediatamente, e acaba criticado também pela FPF
Os clubes de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol ficaram insatisfeitos com a decisão do governador João Doria de autorizar a volta aos treinos apenas em 1.º de julho. Dirigentes e comissões técnicas esperavam liberação imediata. Em jogo marcado para as 21 horas no Maracanã, mas que está sendo contestado, Flamengo e Bangu reabrirão hoje o Campeonato Carioca.
Os clubes de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol (FPF) ficaram bastante insatisfeitos e surpresos com a decisão anunciada ontem pelo governador João Doria de autorizar a volta dos times aos treinos apenas para 1.º de julho, ou seja, daqui a duas semanas. Dirigentes e comissões técnicas das equipes esperavam uma liberação imediata para a retomada das atividades depois de mais de três meses de paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus.
A frustração ecoada entre clubes e a FPF é resultado da expectativa criada na noite da terçafeira, quando o vice-governador Rodrigo Garcia enviou ao presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP), Antonio Olim, mensagem com a informação de que Doria confirmaria a liberação em entrevista coletiva marcada para ontem. Cientes desse contato, os clubes já se preparavam para reabrir as portas, mas ficaram surpresos quando governador anunciou que a autorização seria a partir de 1.º de julho.
Em nota oficial, a FPF lamentou a data. “O anúncio, com o distante reinício das atividades, causou estranheza”, diz. A entidade convocou para a tarde de hoje reunião extraordinária com as equipes para debater o retorno. O Estadão questionou Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, que não quiseram se posicionar oficialmente. Mas a reportagem apurou que os dirigentes dos quatro clubes ficaram muito irritados.
Os quatro principais clubes do Estado já se organizavam para receber novamente os jogadores nos próximos dias. As diretorias compraram testes e realizaram até adaptações nas estruturas físicas nos centros de treinamento para preservar o isolamento. As equipes haviam montado um cronograma para exames e atividades individuais. Alguns jogadores que estavam em outras cidades e até fora do Brasil foram avisados para voltar o quanto antes.
Outros dirigentes procurados se disseram surpresos. “O anúncio foi bem negativo. A data articulada para a volta era o dia de hoje (ontem)”, afirmou o diretor executivo da Inter de Limeira, Enrico Ambrogini.
“O anúncio do governador pegou todo mundo de surpresa. Daqui a pouco não vai dar mais para esperar, porque em agosto já querem começar o Campeonato Brasileiro e já há times de outros Estados voltando a jogar”, criticou o presidente do TJD-SP, Antonio Olim. “Hoje em dia está mais fácil pegar o coronavírus no shopping do que jogando futebol. Deveriam ter liberado os treinos.”
O presidente do Santo André,
Sidney Riquetto, demonstrou resignação. “Eu não sei mais o que fazer. Desanimei. A parte financeira está difícil porque estamos sem jogar e sem ter recursos. Ainda vamos ter de esperar mais tempo. Parecia que teria uma liberação imediata, mas mudou tudo”, lamentou.
“Nós não entendemos o motivo de a data ser 1.º de julho e não agora. A proposta dos clubes é para fazer apenas treinos individuais. Os jogadores estão mais protegidos em um CT do que ao ir ao mercado”, disse o presidente do Mirassol, Edson Hermenegildo. No Novorizontino, o presidente Genilson Santos afirmou que esperava poder receber nesta semana os jogadores para a bateria de exames. “Vejo que agora ficou mais difícil porque os clubes se programaram, se organizaram em cima do protocolo médico da FPF, e agora tudo se atrasou.’’
Antônio Olim
PRESIDENTE DO TJD DA FEDERAÇÃO ‘Hoje em dia está mais fácil pegar o coronavírus no shopping do que jogando futebol’