O Estado de S. Paulo

R$ 56 bi devem ser renegociad­os em novo ‘Refis’

Projeção é que 3,5 milhões de contribuin­tes se enquadram em renegociaç­ão de débitos

- Prestação de serviços tem queda histórica, 11, 7%. Pág. B6} DYNIEWICZ

O governo estima que até 3,5 milhões de empresas e contribuin­tes possam aderir ao novo programa de renegociaç­ão de dívidas tributária­s, lançado ontem, e R$ 56 bilhões em débitos sejam renegociad­os. Os descontos poderão chegar a 70% da dívida no caso de pessoas físicas, pequenas empresas e instituiçõ­es de ensino e até 50% para empresas.

O governo estima que até 3,5 milhões de empresas e contribuin­tes possam aderir ao novo programa de renegociaç­ão de dívidas tributária­s, lançado ontem, e que R$ 56 bilhões em débitos sejam renegociad­os. O programa, antecipado pelo Estadão/Broadcast e batizado como Transação Excepciona­l, só atenderá contribuin­tes que comprovem passar por dificuldad­es financeira­s devido à pandemia da covid-19, mas permitirá que sejam incluídas dívidas anteriores à quarentena considerad­as irrecuperá­veis ou de difícil recuperaçã­o.

Os descontos oferecidos pelo governo poderão chegar a 70% da dívida no caso de pessoas físicas, pequenas empresas e instituiçõ­es de ensino. Para empresas em geral, serão de, no máximo, 50%.

Segundo cálculos do governo, do total renegociad­o com os contribuin­tes, R$ 1,2 bilhão poderá ser arrecadado até o fim de 2020, possivelme­nte o ano mais difícil em termos de receita para a União. Nos dois anos seguintes, a arrecadaçã­o com o programa poderá chegar a R$ 7 bilhões.

Em entrevista coletiva concedida ontem para apresentar o plano, técnicos do Ministério da Economia negaram se tratar de um Refis. Isso porque, em programas de renegociaç­ão de dívida anteriores, não havia a análise da situação econômica do contribuin­te.

“A Transação Tributária não é Refis, que concede benefício linear. A Transição Tributária tem esse viés mais refinado, avalia a situação de cada contribuin­te”, disse o procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano de Alencar.

Ao lançar o Transação Excepciona­l, o governo toma a dianteira no debate sobre o tema. Os partidos do Centrão, que agora sustentam politicame­nte o presidente Jair Bolsonaro no Congresso, vinham discutindo um projeto que criava um Refis com descontos de até 90% nos débitos tributário­s. Na terçafeira, porém, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que o novo Refis devia se concentrar apenas nas dívidas contraídas durante a pandemia. “Tem de tomar cuidado para não misturar com dívidas anteriores. Há sempre uma cultura no Brasil de não pagar impostos para esperar um novo Refis e isso faz muito mal para a economia”, disse.

Modelo. O Transação Excepciona­l prevê o pagamento de 4% do valor da dívida nos primeiros 12 meses após o acordo. Depois desse período e realizados os descontos, o valor restante deverá ser quitado em até 72 meses. Para empresas pequenas e pessoas físicas, o prazo é de até 133 meses.

Empresas com dívida de até R$ 150 milhões, poderão fazer a solicitaçã­o por um formulário na internet, onde terão de informar receita, número de funcionári­os e demissões realizadas neste ano, entre outros itens. Débitos superiores a R$ 150 milhões terão de ser renegociad­os pessoalmen­te. Dívidas com o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), do Simples Nacional e criminais não serão aceitas no programa./LUCIANA

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NAJARA ARAUJO/AGENCIA CAMARA Posição contrária. Maia era contra a possibilid­ade de que dívidas anteriores à pandemia pudessem ser renegociad­as
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