O Estado de S. Paulo

A PODEROSA IRMÃ DO DITADOR DA COREIA DO NORTE

Kim Yo-jong ordenou a destruição do escritório de relações entre as duas Coreias na terça-feira

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Ademolição do escritório de relações entre as Coreias, na terçafeira, voltou a confirmar as suspeitas de que Kim Yojong, irmã caçula de Kim Jong-un, é uma das pessoas mais poderosas do regime e potencial herdeira do líder supremo da Coreia do Norte.

Sua influência começou a ficar maior em março, quando o primeiro comunicado oficial do governo assinado por ela foi publicado. Desde então, ela não parou de crescer e está no centro da ruptura com Seul. No último fim de semana, a caçula da família anunciou que era necessário “destruir completame­nte o inútil escritório de relações”. Poucos dias depois, as autoridade­s norte-coreanas explodiram o prédio, um dos símbolos da tentativa de acordo entre as Coreias.

Kim Yo-jong é uma das assessoras mais próximas de Kim Jong-un, o que a transforma em uma das mulheres mais poderosas do país. Oficialmen­te, ela é membro suplente do comitê executivo do Partido dos Trabalhado­res da Coreia do Norte, cargo para o qual foi nomeada em outubro de 2017. Em comunicado divulgado pela agência oficial de notícias KCNA, ela fala sobre seu “poder autorizado pelo líder supremo, nosso partido e o Estado”.

Nascida em 1988, segundo o Ministério Sul-Coreano da Unificação, Yo-hong é filha do falecido líder Kim Jong-il e de sua terceira esposa, a ex-bailarina Ko Yong-hui. Assim como o seu irmão, ela estudou na Suíça e ascendeu rapidament­e na hierarquia do regime desde que ele herdou o poder após a morte do pai, em 2011.

Em 2009, fez a primeira aparição pública em uma visita com o pai a uma universida­de agrícola. E, até a morte dele, era uma figura recorrente em seu entorno. Nas fotos do funeral, ela aparece atrás do irmão. “Não há nenhuma dúvida de que Kim Jongun tem uma relação muito próxima com a irmã”, observa Yang Moo-jin, da Universida­de de Estudos Norte-Coreanos de Seul.

“Jong-un e Yo-jong passaram boa parte da juventude de modo solitário no exterior. Penso que, naquele momento, desenvolve­ram uma forma de camaradage­m, além de amor fraterno.”

Nenhuma mulher governou até hoje a Coreia do Norte, mas alguns analistas a considerar­am uma possível candidata à sucessão do irmão quando surgiram boatos sobre a saúde de Kim Jong-un, após uma ausência de várias semanas em eventos públicos.

Alguns analistas dizem que sua onipresenç­a nos últimos meses na imprensa norte-coreana e o fato de ela estar diretament­e associada à destruição do escritório de relações intercorea­nas pode ter como objetivo reforçar sua credibilid­ade ante o Exército e a alta cúpula do regime.

Antes das recentes ofensivas, Yo-jong era associada principalm­ente às iniciativa­s diplomátic­as norte-coreanas, como ocorreu nos Jogos Olímpicos de Inverno, em 2018, realizados no país vizinho. Yo-jong também esteve em cada uma das reuniões entre seu irmão e os presidente­s dos EUA, Donald Trump, e da Coreia do Sul, Moon Jae-in. / AFP

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JORGE SILVA/EFE-2/3/19 Influência. Kim Yo-jong durante visita oficial ao Vietnã

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