O Estado de S. Paulo

Procurador alemão diz ter provas de que Madeleine está morta

Promotores enviam carta aos pais da menina britânica, mas não revelam detalhes do desapareci­mento

- BERLIM

As autoridade­s alemãs disseram ontem ter “provas” de que a menina britânica Madeleine McCann, desapareci­da em Portugal

em 2007, está morta. “São provas concretas, fatos que estão em nossas mãos, e não simples indicações”, afirmou o procurador da cidade de Brunswick, Hans Christian Wolters. Ele não deu detalhes, mas disse que, apesar das evidências contundent­es, não há “prova pericial”.

Ontem, os promotores da Alemanha escreveram para os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, para informá-los da morte. A mensagem fala de “evidências

concretas” de que o suspeito Christian Bruckner, de 43 anos, a matou, embora os detalhes ainda não possam ser revelados. Segundo o jornal The Sun, os promotores disseram que revelar evidências agora prejudicar­ia as chances de Bruckner – que está preso – ser julgado pelo crime.

Wolters disse que os McCann não receberam todos os detalhes, mas conhecem o resultado da investigaç­ão. “A polícia britânica foi informada, mas não possui todas as evidências que temos. Os resultados de nossa investigaç­ão foram compartilh­ados, mas nem todos foram passados para a Scotland Yard (polícia britânica)”, afirmou o promotor.

O advogado português da família McCann, Rogério Alves, pediu à polícia alemã que compartilh­e as evidências. No entanto, o promotor reiterou que isso atrapalhar­ia a investigaç­ão. “Entendo o que o advogado da família McCann está dizendo. Simpatizo com os pais, mas se revelarmos mais detalhes, isso pode compromete­r a investigaç­ão. Eu sei que seria um alívio para os pais saber como ela morreu. Mas este é um caso de assassinat­o e não de pessoas desapareci­das. Fomos bastante claros que investigam­os um assassinat­o e temos provas disso”, afirmou.

Madeleine tinha 3 anos quando foi sequestrad­a no apartament­o de férias de seus pais no resort português da Praia da Luz, no Algarve, no dia 3 de maio de 2007. No início deste mês, a polícia alemã disse que Bruckner era suspeito do desapareci­mento. Para os investigad­ores, ele é um “estuprador, traficante de drogas e pedófilo”.

Segundo reportagem da revista Der Spiegel, Bruckner escondia roupas de crianças e 8 mil imagens pedófilas em seis pen drives e dois cartões de memória em sua van, descoberta pela polícia alemã em 2016 – ela havia sido abandonada em Braunschwe­ig, onde Bruckner viveu entre 2013 e 2015.

Friedrich Fulscher, advogado de Bruckner, afirmou que seu cliente não tem relação com o desapareci­mento de Madeleine. Agora, os investigad­ores alemães querem testar novamente uma amostra de saliva encontrada no apartament­o de onde a garota desaparece­u. Os testes portuguese­s não encontrara­m DNA compatível com o novo suspeito. Acredita-se, porém, que após 13 anos da coleta, seja impossível extrair qualquer perfil.

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