PM é preso por suspeita de matar adolescente em SP
Jovem foi sequestrado em frente à casa da avó no fim de semana; Doria diz que Estado não será complacente com violência policial
Um policial militar foi preso na noite de ontem sob suspeita de assassinar o adolescente Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, sequestrado na madrugada do domingo passado na zona sul de São Paulo e achado morto no dia seguinte em Diadema, cidade da região metropolitana. A Corregedoria da corporação participa da investigação do caso.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o pedido de prisão partiu do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e foi deferido pela Justiça. “As investigações prosseguem pelo DHPP para esclarecimento de todas as circunstâncias relativas ao caso”, disse a pasta.
As suspeitas contra o policial surgiram quando os investigadores obtiveram imagens de uma câmera de segurança da rua onde o garoto desapareceu no fim de semana. A gravação mostra dois homens armados no mesmo local onde Guilherme
desapareceu, nas imediações da casa da avó.
Parentes de Guilherme estiveram anteontem na sede da Corregedoria da PM para prestar depoimento. Depois, eles foram à sede do DHPP.
No DHPP, os investigadores coletaram dados sobre a história da vítima e escutaram parentes sobre os fatos. A polícia tenta montar uma linha do tempo para entender todos os fatos, do sequestro da vítima à localização do corpo.
A morte do adolescente desencadeou uma série de protestos de moradores da Vila Clara, bairro onde Guilherme vivia, nas imediações do Aeroporto de Congonhas. Na segunda-feira, a manifestação terminou com tumulto e ônibus incendiados. À noite, dezenas de policiais voltaram ao bairro e foram gravados agredindo moradores. Os protestos se repetiram anteontem e ontem, quando amigos e moradores do bairro voltaram a pedir justiça.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), convocou a cúpula da segurança pública paulista ontem para afirmar, em entrevista coletiva, que o Estado punirá policiais flagrados em ações irregulares. O gesto ocorre após ao menos três flagrantes recentes de violência praticada por PMs contra cidadãos desarmados, do caso do assassinato de um adolescente de 15 anos, na zona sul, em que policiais estariam envolvidos, e em meio ao recorde histórico de mortes provocadas por PMs em supostos confrontos.
“O governo do Estado de São Paulo não será complacente com nenhum tipo de violência policial, de nenhuma ordem, sob nenhuma justificativa. São Paulo tem a melhor polícia do Brasil. Não justifica que poucos comprometam a atuação de muitos. Aqueles que transgrediram, a orientação do governo do Estado e minha, como governador, é que sejam afastados, sejam julgados e, se culpados forem, que sejam penalizados, até com expulsão da polícia”, disse Doria.
Na quarentena. Dados da SSP mostram que São Paulo registrou 119 casos de “mortes decorrentes de intervenção policial” em abril, na soma das ocorrências envolvendo as Polícias Militar e Civil. É o maior patamar para o quadrimestre desde o início da série histórica em 2001. Como em abril estava em vigor a quarentena contra o coronavírus, outros crimes tiveram queda, como roubos e furtos. /