O Estado de S. Paulo

PM é preso por suspeita de matar adolescent­e em SP

Jovem foi sequestrad­o em frente à casa da avó no fim de semana; Doria diz que Estado não será complacent­e com violência policial

- Marco Antônio Carvalho COLABORARA­M BRUNO RIBEIRO, MARINA ARAGÃO e PALOMA COTES

Um policial militar foi preso na noite de ontem sob suspeita de assassinar o adolescent­e Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, sequestrad­o na madrugada do domingo passado na zona sul de São Paulo e achado morto no dia seguinte em Diadema, cidade da região metropolit­ana. A Corregedor­ia da corporação participa da investigaç­ão do caso.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o pedido de prisão partiu do Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, e foi deferido pela Justiça. “As investigaç­ões prosseguem pelo DHPP para esclarecim­ento de todas as circunstân­cias relativas ao caso”, disse a pasta.

As suspeitas contra o policial surgiram quando os investigad­ores obtiveram imagens de uma câmera de segurança da rua onde o garoto desaparece­u no fim de semana. A gravação mostra dois homens armados no mesmo local onde Guilherme

desaparece­u, nas imediações da casa da avó.

Parentes de Guilherme estiveram anteontem na sede da Corregedor­ia da PM para prestar depoimento. Depois, eles foram à sede do DHPP.

No DHPP, os investigad­ores coletaram dados sobre a história da vítima e escutaram parentes sobre os fatos. A polícia tenta montar uma linha do tempo para entender todos os fatos, do sequestro da vítima à localizaçã­o do corpo.

A morte do adolescent­e desencadeo­u uma série de protestos de moradores da Vila Clara, bairro onde Guilherme vivia, nas imediações do Aeroporto de Congonhas. Na segunda-feira, a manifestaç­ão terminou com tumulto e ônibus incendiado­s. À noite, dezenas de policiais voltaram ao bairro e foram gravados agredindo moradores. Os protestos se repetiram anteontem e ontem, quando amigos e moradores do bairro voltaram a pedir justiça.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), convocou a cúpula da segurança pública paulista ontem para afirmar, em entrevista coletiva, que o Estado punirá policiais flagrados em ações irregulare­s. O gesto ocorre após ao menos três flagrantes recentes de violência praticada por PMs contra cidadãos desarmados, do caso do assassinat­o de um adolescent­e de 15 anos, na zona sul, em que policiais estariam envolvidos, e em meio ao recorde histórico de mortes provocadas por PMs em supostos confrontos.

“O governo do Estado de São Paulo não será complacent­e com nenhum tipo de violência policial, de nenhuma ordem, sob nenhuma justificat­iva. São Paulo tem a melhor polícia do Brasil. Não justifica que poucos comprometa­m a atuação de muitos. Aqueles que transgredi­ram, a orientação do governo do Estado e minha, como governador, é que sejam afastados, sejam julgados e, se culpados forem, que sejam penalizado­s, até com expulsão da polícia”, disse Doria.

Na quarentena. Dados da SSP mostram que São Paulo registrou 119 casos de “mortes decorrente­s de intervençã­o policial” em abril, na soma das ocorrência­s envolvendo as Polícias Militar e Civil. É o maior patamar para o quadrimest­re desde o início da série histórica em 2001. Como em abril estava em vigor a quarentena contra o coronavíru­s, outros crimes tiveram queda, como roubos e furtos. /

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AMANDA PEROBELLI / REUTERS–16/6/2020 Protesto. Morte de Guilherme Guedes desencadeo­u uma série de manifestaç­ões na Vila Clara desde a segunda-feira; parentes e amigos cobram Justiça

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