Juro ‘zero’ e liquidez vão levar empresas à Bolsa
Omercado de capitais tende a se transformar em um ímã às empresas nos próximos meses, com as ofertas de ações ganhando tração. De um lado, as companhias buscam dinheiro para reforçar o caixa, principalmente as afetadas pela pandemia. Do outro, os investidores procuram aplicações com maior rentabilidade, especialmente com o juro real perto de zero. Além disso, as bem-sucedidas ofertas de ações recentes devem atrair outras. Mesmo com o impacto nos negócios por conta da pandemia, redes de lojas que vendem bens não essenciais, como Centauro e Via Varejo, foram a mercado e fizeram captações via ofertas subsequentes de ações, com grande demanda dos investidores. A Centauro captou R$ 900 milhões e a Via Varejo, R$ 4,4 bilhões. » Tem mais. As empresas que não tinham boa estrutura de capital antes da crise ou nas que o endividamento subiu muito com a pandemia devem considerar emissões secundárias, segundo fonte de um banco de investimento. Outra comemora que esse canal continue aberto, já que muitas empresas tiveram dificuldades em acessar crédito bancário.
» Afogados. No curto e médio prazos, o movimento será beneficiado pela liquidez, com Bancos Centrais de todo o mundo, em especial o dos Estados Unidos, injetando trilhões de dólares nas economias, na tentativa de mitigar os efeitos da crise. » Subiu. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) acaba de anunciar aumento de preço para o aço em 10,5% à sua rede de distribuição, a partir de 1º de julho. O ajuste ocorre pela valorização do dólar e do preço do minério de ferro, que segue acima de US$ 100 a tonelada. Outras siderúrgicas, como Usiminas, sinalizaram a clientes sobre seus reajustes. Procurada, CSN não comentou.
» Choque. O impasse sobre o socorro bilionário ao setor elétrico só deve ser solucionado na próxima semana na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Relator do voto-vista, Efrain Pereira da Cruz só deve trazer sua proposta na reunião de terça-feira, 23. Ele pediu vista do processo na reunião de segunda-feira, que avançou pela madrugada de terça. Ele planejava convocar reunião extraordinária amanhã, o que não deve mais ocorrer.
» Visões. O racha entre os diretores da Aneel se deu em dois pontos: a inclusão das revisões tarifárias entre os itens cobertos pela conta-covid e a possibilidade de registro contábil de ativos associados ao empréstimo. Parte dos diretores acredita que isso cria direitos às concessionárias e teme que o registrado se torne referência de “piso” em futuros pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro.
» Pode? Para não restar dúvida sobre o tema, independente da decisão da diretoria da Aneel, as distribuidoras vão pedir parecer contábil para se orientar sobre o registro. Com tanta polêmica, parte delas cogita desistir da demanda, inicialmente defendida como fundamental.
» Nova alternativa. De um lado, investidores em busca de rentabilidade. De outro, mais litígios, alguns provocados pela pandemia. Juntos, formaram a equação que criou um mercado inusitado: fundos que investem em processos de arbitragem. Ferramenta para solução de conflitos entre empresas, os processos arbitrais têm custos altos para padrões brasileiros. A estimativa é que, em casos da ordem de R$ 50 milhões, os custos totais variem de R$ 500 mil a R$ 1 milhão, na média.
» Alto risco. Assim, começaram a surgir fundos que pagam as despesas da arbitragem para um dos lados, em troca de uma parte do ganho financeiro da causa, em caso de vitória. Em uma eventual perda, o dinheiro gasto pelo fundo não é devolvido – é um investimento de risco. Dentre os que já atuam no Brasil, estão nomes como a Jus Capital, Lex Finance, Leste Litigation Finance e o inglês Harbour Litigation Founding. Ao grupo se juntam Quadra, Jive e Carpentum Capital. » Corredores. O setor de comércio está sentindo os efeitos do abre-e-fecha em meio à pandemia. Dezenove shopping centers reabriram as portas, mas foram obrigados a fechar novamente, após o avanço dos casos de contaminação em suas cidades. Foram os casos de Porto Alegre, Ribeirão Preto e Betim, entre outras. Outros seis shoppings reabriram, fecharam e reabriam outra vez.
» Na garagem. As medidas de isolamento ajudaram o bolso de quem precisa renovar ou contratar seguro de automóvel. Os preço da proteção para os dez modelos mais vendidos no País tiveram queda mensal de até 26% em maio, conforme pesquisa da Minuto Seguros, especializada na venda de seguros online.
FERNANDA GUIMARÃES, ANNE WARTH, CIRCE BONATELLI E ALINE BRONZATI