‘Não há plano de livre comércio’, diz representante dos EUA
O representante comercial americano, Robert Lighthizer, afirmou ontem que os Estados Unidos não pretendem negociar um acordo de livre comércio com o Brasil neste momento. “O que estamos fazendo agora com o Brasil é tentando resolver problemas específicos para o Brasil se abrir e para criar empregos para a América. No momento, não temos planos para um FTA (sigla de acordo de livre comércio, em inglês) com o Brasil”, disse ele, em encontro com deputados americanos.
A afirmação foi uma resposta do representante do governo Trump a pergunta da deputada Stephanie Murphy, democrata da Flórida, sobre as negociações com o governo brasileiro. A parlamentar foi a única integrante da oposição da Comissão de Orçamento e Assuntos Tributários da Casa que não assinou uma carta a Lighthizer em que deputados disseram se opor à negociação comercial com o Brasil.
Depois de se reunir com Trump em Mar-a-Lago, na Flórida,
em março, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que havia sido dado “o primeiro passo para um acordo de livre comércio”. O termo também já foi dito por Trump, ao falar sobre a amizade com o presidente brasileiro e as relações com o País.
A despeito disso, técnicos dos dois países têm evitado o termo “livre comércio” e enfatizado que a ideia é trabalhar em um pacote de “facilitação comercial” ou de “comércio bilateral” – expressão que vem sendo usada pelo embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, e nos comunicados dos dois países. A concepção tradicional de um acordo de livre comércio abarca negociação tarifária, o que ficou claro desde o ano passado que não seria discutido.
Ao Estadão, Forster afirmou que é “natural que o termo ‘acordo de livre comércio’ não tenha sido utilizado pelo embaixador Lighthizer, nas sessões do Congresso, pois isso implicaria consequências práticas”, já que o governo americano precisa notificar o Congresso com 60 dias de antecedência quando pretende negociar um acordo deste tipo. “Não significa que isso esteja fora do horizonte dos dois países”, afirmou ele.