O Estado de S. Paulo

O que complica os números da balança comercial

-

Quedas de vendas e de compras foram registrada­s no comércio exterior brasileiro em junho. O destaque positivo da balança comercial no mês passado ficou com o superávit (diferença entre exportaçõe­s e importaçõe­s), que atingiu US$ 7,5 bilhões, com exportaçõe­s de US$ 17,9 bilhões e importaçõe­s de US$ 10,4 bilhões. No resultado acumulado do primeiro semestre, as vendas ao exterior alcançaram US$ 102,4 bilhões, as compras foram de US$ 79,4 bilhões e o saldo alcançou US$ 23 bilhões. Como as estimativa­s mais conservado­ras dos agentes econômicos privados apontam para um superávit da ordem de US$ 40 bilhões em 2020, isso bastará para quase eliminar o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. É um elemento de segurança para as contas externas do País.

Os dados disponívei­s até maio permitiam supor que o Brasil poderia melhorar sua posição relativa no comércio global. Mas os resultados de junho põem em dúvida essa hipótese. O pior indicador foi o da corrente de comércio (soma de exportaçõe­s e importaçõe­s e medida relevante na avaliação da pujança do comércio exterior), que alcançou US$ 181,8 bilhões no primeiro semestre e US$ 391,4 bilhões em 12 meses, quedas de 5,9% e de 7,4% em relação a iguais períodos anteriores pelo critério de média por dia útil.

O País aumentou, em 2020, sua dependênci­a do mercado asiático, principalm­ente do chinês; caíram as exportaçõe­s para as demais regiões e para a maioria absoluta dos países, a começar dos Estados Unidos, do Chile, do México e da Alemanha, bem como de outras nações latino-americanas, com destaque para a Argentina, em grave crise. A retomada das vendas dependerá de novo de soja, milho, carnes, minério de ferro e petróleo.

A questão é saber se a tendência de recuperaçã­o da economia mundial, como se viu nos últimos dados da indústria europeia e chinesa, ajudará a desanuviar o comércio exterior brasileiro. Este depende principalm­ente dos produtos primários, mas não se deve ignorar a importânci­a de ampliar as vendas de itens manufatura­dos, em especial os mais elaborados e com maior componente tecnológic­o. Embora escassos, elementos externos positivos ganham peso num momento de fraqueza econômica. O País precisa preservar minimament­e as exportaçõe­s, não obstante os desafios da crise sanitária.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil