O Estado de S. Paulo

‘CÍRIO DE NAZARÉ DEVERÁ SER VIRTUAL’

- \CECÍLIA RAMOS

Se avizinha, conta Fafá de

Belém, um de seus grandes desafios: pela primeira vez em anos, o Círio de Nazaré – uma das maiores festas religiosas do mundo – deverá ser... virtual. “Até se reduzíssem­os o público em 50%, seria 1,5 milhão e pessoas. Básico”, disse à coluna a madrinha do evento – que ela capitaneia, em outubro, em Belém do Pará, junto com a direção do Círio.

Diante disso, Fafá já decidiu: realizará sua famosa

Varanda de Nazaré, onde recebe celebridad­es, políticos, religiosos, também de modo virtual. É o 10º ano desse espaço, que terá dez embaixador­es, entre eles Leandro Karnal e Dira Paes. “Já comecei a movimentar o meu instagram @varandasde­nazare porque isso acalma o coração dos paraenses. O Círio não é uma procissão, é uma renovação de vida, e ela pode ser comemorada mesmo de casa, em grande corrente de fé e parceria”.

O ‘apê’ de Fafá, em SP – a cantora vive entre Portugal e Brasil – virou um verdadeiro “centro de desinfecçã­o”. O edifício ocupa dois andares, nos Jardins, onde ela faz suas lives acompanhad­a de músicos in loco. “Não faço playback”, avisa. O novo

“modus operandi” também impôs uma barreira. “Tô com pavor de elevador (por conta de contaminaç­ão). Quando tem live aqui, mando forrálo todinho”. E mais: quem entra no duplex, é convidado a trocar a roupa por um roupão, tirar os sapatos, usar desinfetan­te... “Com ou sem intimidade, o procedimen­to é esse”, conta Fafá, com sua garga

lhada inconfundí­vel.

E quando sai de casa, o que é raro, redobra cuidados. “Puxo o elevador de luvas, aperto o andar com cotovelo e empurro a porta de costas. Isso é uma forma de proteger a mim e aos outros. É preciso pensar coletivo”, diz a cantora que testou negativo para a covid-19 “várias vezes”. A filha Mariana passou a morar com ela – só nesse período. “Não vou ser hipócrita, não dou conta sozinha. Foi uma loucura no começo”, admite a cantora, que precisou adaptar os planos para comemorar 45 anos de carreira, em maio passado. As lives viraram parte da celebração.

Nessa readaptaçã­o, aproveitou a pandemia para realizar desejo antigo – deixar os cabelos brancos e cuidar ainda mais de si. Contratou um nutricioni­sta.

No fim do mês, Fafá voa para Lisboa (cidade já ‘reaberta’), de onde intercalar­á suas lives – “vai ser lá e cá”. “Agora que tenho dois tripés, um com luz especial, ninguém me segura. Antes, era celular na mão”. Numa dessas lives (bate-papo com Padre Fábio de Melo), ela chutou o tripé, o celular voou. “Falei, Padre, o senhor foi ao céu e voltou ao vivo”.

Fafá viu suas redes sociais ‘bombarem’ quando começou a transmitir suas cantorias – o Instagram ganhou 200 mil novos seguidores, o YouTube e o Facebook triplicara­m a audiência. Mas ela lembra que “antes de botar a boca no trombone – ao reclamar da “invisibili­dade de artistas com mais de 50” – não via a cor do patrocínio. “Virei e disse: se os garotos de marketing não sabem, eu sei quem sou. Não vou ‘pirangar’ (economizar). Eu banco. Aí apareceram retorno, como o Magalu, a MDS... Depois da minha, fizeram lives o Gil, o Milton...”.

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