Fórum dos Leitores
• Desgoverno e pandemia Os interesses do presidente
O editorial A construção de uma tragédia (8/8, A3) resume numa frase a irresponsabilidade de um presidente que pouco se importa com a vida dos brasileiros: “Construiu-se essa tragédia porque todo o tempo Bolsonaro se mostrou preocupado exclusivamente com seus interesses particulares, em especial seu inoportuno projeto de reeleição”. As 100 mil mortes não decorreram de uma “gripinha”. Já “seus interesses particulares” foram escancarados na reunião de 22 de abril, quando, com palavra de baixo calão, confessou estar lá para defender sua família e seus amigos, com ameaça explícita de demissão do então ministro Sergio Moro, já desconsiderado inúmeras vezes na sua luta contra a corrupção. Mas com a prisão do Fabrício Queiroz o presidente perdeu seu ar rompante. Seria a preocupação com o que pode advir do caso Queiroz? Aqueles R$ 24 mil depositados na conta de sra. Michelle já foram ultrapassados. Nós, brasileiros honrados, fomos traídos e estamos preocupados, o que se acentua com as atitudes de um procurador-geral da República, ligado ao PT e escolhido a dedo por Bolsonaro, que demonstra querer acabar com a Lava Jato, coincidentemente com a proposta de Dias Toffoli de quarentena de oito anos para juízes e promotores. Havendo interesse comum, os extremos se tocam.
ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA
ACARLOSGS@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Só a cloroquina
Não traduz compaixão o comunicado oficial do presidente Bolsonaro pelos 100 mil brasileiros mortos pela covid-19 (só veio depois das condolências de Sergio Moro). A consternação percebe-se falsa, só o que lhe importa, no combate à pandemia, é a caixa de cloroquina.
ENI MARIA MARTIN DE CARVALHO
ENIMARTI@UOL.COM.BR
BOTUCATU
Cidadania
Parabéns pelo melhor editorial dos últimos tempos, A construção da cidadania (9/8, A3). Ao mostrar que todos os indivíduos nascem cidadãos, mas os bons cidadãos precisam ser construídos pela família e pelo Estado, descreve também qual é o papel principal de um líder: dar bons exemplos. Nossos governantes, infelizmente, são apenas cidadãos a quem certamente faltaram bons exemplos, por tibieza da família ou do Estado. E isso se reproduz de geração em geração.
SANDRA MARIA GONÇALVES
SANDGON46@GMAIL.COM
SÃO PAULO
Bizarrices
O Brasil é um país sui generis. O ministro da Justiça persegue os antifascistas que defendem a democracia, a liberdade de imprensa e combatem a xenofobia e o racismo, quando, a rigor, deveria defendê-los enfaticamente. Ao mesmo tempo, o procurador-geral da República persegue a Operação Lava Jato, que foi a maior ação de combate à corrupção no Brasil em seus 520 anos de História, apenas porque, egoisticamente, só pensa em sua carreira e almeja um cargo mais elevado. Enquanto isso, insistimos em contar velhas piadas de português.
LEÃO MACHADO NETO
LNETO@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
• Corrupção Está explicado
Ficou clara a razão da preocupação de Bolsonaro com a proteção de sua família. Embora já tivesse preparado sua defesa – “Fiz não só um, mas dois empréstimos ao Queiroz, que ele pagava em cheques” –, sua família dificilmente escapará da rachadinha. Não bastaram as manobras que tiraram o Coaf das mãos do então ministro Sergio Moro, seguidas por pressões até sua renúncia. E continuam até hoje sobre a Polícia Federal, a Procuradoria-geral da República e órgãos de inteligência do governo. Mesmo que a justiça tarde, fica desde já demonstrado o terrível efeito do uso do poder presidencial, para defender interesses pessoais.
LUIZ ANTONIO RIBEIRO PINTO
BRASILCAT@UOL.COM.BR
RIBEIRÃO PRETO
Gato subindo no telhado
Pouco a pouco vão torpedeando um dos maiores programas de combate à corrupção, elogiado mundo afora e responsável pela prisão de meliantes travestidos de políticos e líderes nacionais. O PGR censura o desempenho da Lava Jato, por ter excesso de informação, segundo ele. Dois ministros do STF usam de chicanas para pôr em dúvida a licitude de um dos processos. O objetivo parece claro: pôr pedras no caminho que se vislumbra para a candidatura de Sergio Moro à Presidência e absolver o ex-presidente condenado, mas solto por obra e graça do mesmo STF, num julgamento que fez corar o mundo jurídico, pela não observância da prisão após condenação em segunda instância. Como esperar justiça, se duas proeminentes figuras são contra ela?
ADEMIR ALONSO RODRIGUES
RODRIGUESALONSO49@GMAIL.COM
SANTOS
Apagar a capivara
As desesperadas tentativas de ressuscitar o grande corrupto da História brasileira estão encontrando ressonância na mais alta Corte do País, que, a despeito de todas as evidências materiais da culpa do dirigente petista, acena com absurdas elaborações subjetivas para impedir a aplicação das devidas penalidades legais a esse cidadão. Se tal desiderato vier a ser consumado, o colégio atual da magna magistratura entrará para a História como o maior detrator das melhores tradições jurídicas do Brasil.
LAIRTON COSTA
LAIRTON.COSTA@YAHOO.COM
SÃO PAULO
• Economia Inflação
Deu no caderno de Economia (8/8): Combustíveis e energia levam IPCA a 0,36% em julho. Acho que os pesquisadores, com medo de contrair a covid19, não estão visitando os supermercados. Vou dar um exemplo: um saco de arroz de 5 kg, que em abril custava R$ 11,90, agora custa R$ 16,90 (42,77% de aumento). Mas, para eles, a demanda reprimida deve manter os preços sob controle.
MAURÍCIO LIMA
MAPELI@UOL.COM.BR
SÃO PAULO