O Estado de S. Paulo

3 PERGUNTAS PARA:

-

Everton Vieira Vargas, embaixador

1.

Qual o maior risco para o País na questão ambiental, investimen­to ou comércio exterior?

Depende do seu parceiro. Ninguém quer comprar carne, soja ou qualquer outro produto que venha de uma região onde ocorreu desmatamen­to. Estava na União Europeia quando houve uma grande polêmica com a Indonésia em razão da exportação do óleo de palma, porque esse óleo supostamen­te vinha de regiões degradadas, onde tinha havido desmatamen­to e foram plantadas palmeiras que forneciam esse produto.

2.

O ponto é o descontrol­e no desmatamen­to?

A Amazônia é patrimônio brasileiro, seus efeitos no sistema climático extrapolam fronteiras. É ingenuidad­e pensar que a comunidade internacio­nal vai deixar de perceber e avaliar como o Brasil cuida de seu capital natural. Isso é essencial. Segunda coisa, é necessário que você saiba quais são seus desafios e como deve tratá-los. E, para isso, vai depender de uma política interna coerente e consistent­e. E há outra coisa: a questão das comunidade­s indígenas. A imagem de qualquer país está vinculada à proteção do meio ambiente, dos direitos humanos, em particular das comunidade­s originária­s, da adoção de padrões de produção e consumo sustentáve­is, de combate ao desmatamen­to. Enquanto não fizer uma coisa concreta nessa área vão ter repercussõ­es. Agora, estamos vendo um fenômeno novo que é exatamente o engajament­o do setor financeiro internacio­nal em ações que vão do desmatamen­to às culturas tradiciona­is.

3.

Isso tem a ver com o protecioni­smo do agro europeu ou é maior?

A gente corre um sério risco nessa área comercial, em particular com a Europa, mas não só. Vai além porque muitos países que não pertencem a União Europeia adotam os mesmos critérios para efeito de importação de produtos agropecuár­ios, sobretudo, quando se refere a questões sanitárias. / F.F.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil