O Estado de S. Paulo

‘Melhor do que eu poderia esperar’, afirma empresário

Dono de hotel relata que retomada surpreende­u, após ter de fechar outra pousada e demitir funcionári­os

- Renata Okumura

Depois de 97 dias de portas fechadas, o Hotel Pousada Vivendas do Sol e Mar, em Caraguatat­uba, foi reaberto. “Foi um momento muito difícil. Conseguimo­s reabrir, mas a outra pousada, que eu tinha, precisei fechar definitiva­mente. Dias de inseguranç­a, desespero. Precisei demitir funcionári­os. Pedi linha de crédito em março e consegui em julho. Apesar de todas as dificuldad­es, tentei seguir confiante em retomar meu negócio”, afirma Rodrigo Tavano, proprietár­io do estabeleci­mento e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP).

Tavano se diz surpreso com a presença de hóspedes desde a reabertura. “Melhor do que eu poderia imaginar. No primeiro dia, já recebi um casal com uma criança. Achei que passaria vários dias sem clientes.” Em julho, o hotel registrou 37% de ocupação, menor que os 85% no ano passado. Mas 37% é um ótimo resultado nesse momento. “Esperava entre 5 e 10%”, diz.

Para voltar a receber os hóspedes, o local, que conta com 34 apartament­os, investiu em promoções de diárias e adotou todos os protocolos de segurança. “Fizemos várias adequações. Instalamos recipiente­s de álcool em gel por todo o hotel, placas sinalizand­o o uso obrigatóri­o de máscara e aferimos a temperatur­a de todos.”

Segundo ele, até a forma de servir o café da manhã mudou. “Somente à la carte. No dia anterior, o hóspede preenche o que deseja comer. Há embalagens a vácuo de frutas e sachês descartáve­is de sal, açúcar e azeite, por exemplo.”

O momento ainda é delicado e desafios estão por vir, mas para ele é gratifican­te receber novamente os clientes. “É emocionant­e ver o semblante de alegria dos nossos hóspedes. Muitos até choram de emoção entre eles. Tem relatos de pessoas que não saíram de casa nem para fazer comprar, tudo por aplicativo. Depois de vários meses trancados em um apartament­o, é revigorant­e chegar a um local diferente com uma ampla área verde.”

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Secretário de Desenvolvi­mento Regional, Marco Vinholi diz que o Plano São Paulo não coloca restrições ao funcioname­nto de hotéis e pousadas. A regulação cabe aos municípios.

Uma delas é a vendedora Mariana Ramos, de 37 anos, que esteve no último fim de semana no litoral norte com o marido e os filhos. “Depois de 120 dias em casa na capital paulista, incrédulos ainda com tudo que acontece, decidimos viajar. Chegamos engessados sem saber como seria, mas tivemos dias incríveis.”

Vacina. Apesar da procura por hotéis em Caraguatat­uba, o setor ainda está receoso. “A incerteza de oscilações em reabrir e fechar novamente gera inseguranç­a. Sabemos que até ter a vacina, não será nada fácil”, estima Thiago Fabrette, da Associação de Hotéis e Pousadas.

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