O Estado de S. Paulo

Tem como jogar na defesa?

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Anossa taxa básica de juros, a Selic, que baixou para 2% ao ano (mínima histórica), oficialmen­te coloca o Brasil no grupo de países com taxas reais de juros negativas, descontand­o da taxa nominal a inflação projetada para os próximos 12 meses. Não é uma situação que deverá prevalecer para o futuro, mas de qualquer maneira traz ao investidor brasileiro questionam­entos sobre como operar sua carteira de investimen­tos.

A saída, mais do que falada, para a realização de ganhos e/ou preservaçã­o da riqueza, é a alocação de recursos em ativos de maior grau de risco. Por outro lado, nós estamos num ambiente recessivo e sem perspectiv­as claras sobre a recuperaçã­o de nossa economia. Particular­mente , o investidor brasileiro que estava acostumado a retornos com renda fixa, olha para os índices de mercado e sente-se desconfort­ável. Para exemplific­ar, o Ibovespa ainda não recuperou o nível do inicio do ano, mas desde março, quando esteve no fundo do poço, já subiu mais de 60%.

Nesse cenário, uma das estratégia­s oportuna é a de investimen­to defensivo. Alocar recursos de maneira conservado­ra e administra­ndo a carteira para não colocar em risco o principal, aplicando em títulos e setores ditos defensivos. Em outros termos, o inves

tidor busca limitar o grau de risco assumido no seu portfólio. Essa estratégia pressupõe aplicar em ações que normalment­e sofram menos com a volatilida­de do mercado de capitais.

Um exemplo fácil é comprar ações que pagam dividendos em vez de ações com alto potencial de cresciment­o. Embora essa prática seja indicada em tempos de mares mais bravios, pode fazer parte da estratégia permanente de gestão de sua carteira. Mas lembre-se de que investimen­to defensivo não significa estar isento de risco. Usualmente um ativo é assim rotulado com base no seu comportame­nto em períodos de maior volatilida­de de mercado, mas nesse grupo temos uma gama de ativos e com graus de riscos variados.

Podemos ter ações, fundos, títulos públicos e privados, entre outros. Aqueles que

quiserem colocar em prática essa estratégia devem estar preparados para ajustes mais constantes na alocação dos ativos da carteira. Outro aspecto importante é a diversific­ação, inclusive consideran­do aplicar em ativos no exterior. Um relatório de 2019 do JP Morgan mostra que embora o Brasil seja a maior economia da América Latina, responde por menos de 3% do PIB global e apenas 1% ou 2% dos mercados de capitais do mundo. Mas, mesmo assim, os investidor­es brasileiro­s podem ter 99% de seus investimen­tos em ativos baseados no Brasil, além de concentraç­ões em setores específico­s, como o setor financeiro e o de energia.

De qualquer maneira este período está nos fazendo ficar mais atentos ao nosso bolso, gastando com mais cuidado, buscando economias e fazendo investimen­tos com mais atenção.

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