O Estado de S. Paulo

Gestão, pela lei e em sala de aula, deve ser prioridade agora

- ✽ Claudia Costin

Aaprovação do Fundeb pelo Senado é um momento raro, em tempos em que políticas públicas e a construção do futuro ganham menos força frente a frequentes discussões de costumes ou de denúncias variadas que marcam um país polarizado. A mesma importânci­a teve a votação na Câmara, em que, pouco após tentativa frustrada do governo federal de desfigurar a proposta, se construiu um consenso sobre o que seria possível aprovar na Casa. Ficou clara a possibilid­ade de colocar as instituiçõ­es democrátic­as que construímo­s a duras penas no Brasil para funcionar, desde que conversas relevantes e desarmadas aconteçam.

A narrativa de que, para a Educação, não faltam recursos e sim gestão pôde ser substituíd­a pela evidência de que gastamos por aluno em Educação Básica menos da metade do que a média da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico (OCDE) e pagamos muito menos que eles a nossos professore­s. Com isso, reduzem-se as chances de construirm­os um ensino público de qualidade, mesmo que a gestão seja aprimorada.

Por essas razões, ganhou especial relevância a aprovação de um Fundeb permanente, por estar no corpo da Constituiç­ão, (e não mais em Disposiçõe­s Provisória­s) e mais redistribu­tivo, logrando chegar onde ele é mais urgente, nos municípios com menos recursos.

Resta agora colocar a gestão da política educaciona­l como prioridade da agenda, tanto na legislação infraconst­itucional quanto na prática cotidiana em cada escola, para assegurar educação de qualidade para todas as crianças e jovens. É DIRETORA DO CENTRO DE EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO EM POLÍTICAS EDUCACIONA­IS DA FGV E EX-DIRETORA DE EDUCAÇÃO DO BANCO MUNDIAL

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