Hub de negócios negros abre casa gratuita para produção digital
Casa Pretahub, que será aberta em setembro, em SP, vai dispor de estúdio de podcast, biblioteca e equipamentos de foto
Driblando os desafios impostos pela pandemia, a Pretahub – aceleradora e incubadora de empreendedorismo negro – teve de mudar os planos para se reinventar em 2020. A palavra de ordem tem sido a digitalização, que começa em setembro com a inauguração da Casa Pretahub, espaço focado na produção de conteúdo digital para pequenos negócios.
Localizado no Anhangabaú, em São Paulo, o espaço foi construído para ser um coworking, mas a pandemia fez a ideia se transformar em um casa com cenários e utilidades para desenvolver negócios e gerar conteúdo online para afroempreendedores. Segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2018, 40% dos empreendedores brasileiros são pretos ou partos, 35% são brancos.
“Estamos passando pelos mesmos desafios que os pequenos e microempreendedores, que é a transformação digital. Tudo era offline e agora estamos aprendendo o processo de transformação, desde estudar plataformas até o letramento digital”, diz a CEO da PretaHub, Adriana Barbosa.
O empreendedor que for à Casa Pretahub terá acesso à internet e a uma estrutura tecnológica, como salas individuais, estúdio de podcast e música, equipamento de fotografia, cozinha industrial, além de uma biblioteca comunitária e uma galeria de arte abastecida com obras de artistas negros.
O acesso é gratuito, mas as inscrições devem ser feitas no site da Pretahub. Haverá também a opção de um pacote premium para quem desejar a prestação de serviços. “Vamos utilizar a mão de obra dos empreendedores negros que estiverem alocados na casa. Por exemplo, se quiser usar o estúdio é gratuito, mas se precisar do acompanhamento técnico e edição, a pessoa paga a mão de obra.”
A segunda novidade da PretaHub é o lançamento de um marketplace, com patrocínio do Santander, para mais de mil afroempreendedores. A previsão é que a plataforma seja lançada em novembro com 50 empreendedores previamente selecionados por curadoria.
Para completar a busca de reinvenção, a CEO da PretaHub diz que a 19.ª edição da Feira Preta – uma das maiores feiras de negócios e cultura negra da América Latina – será totalmente online, pela primeira vez. Na edição de 2019, no Memorial da América Latina, o evento reuniu cerca de 170 expositores e recebeu em torno de 35 mil visitantes, movimentando R$ 1,5 milhão em negócios. A próxima edição será realizada de 20 de novembro a 2 de dezembro. A programação inclui shows, palestras, produtos e serviços.
“A ideia é que a gente tenha todas as linguagens que costumamos ter na Feira Preta presencial. Desde o universo infantil até artes plásticas, fotografia, filmes e sessões de diálogos criativos com participações internacionais. Vamos trazer especialistas em gastronomia que têm olhar para a diáspora africana como inspiração. E terá delivery de comida para algumas regiões de São Paulo”, destaca.
O cadastro para expositores interessados será aberto no início de novembro. Os selecionados participarão de lives para falar dos seus produtos e serviços e a venda será feita por meio de Qr-code.
Na última edição da feira, em 2019, um levantamento realizado pelo Instituto Mas com 401 pessoas negras que passaram pel o e v e nt o apontou que 72,8% dos entrevistados costumam comprar de afroempreendedores. Entre os itens mais buscados estão roupas, com 36% das respostas, acessórios (18%) e cosméticos (7%).