O Estado de S. Paulo

Governo aumenta verba do Pró-Brasil para R$ 6,5 bi

Decisão é nova derrota de Paulo Guedes, que é contra ampliar gastos para estimular a economia; R$ 3,3 bi serão indicados por parlamenta­res e Ministério­s do Desenvolvi­mento Regional e da Infraestru­tura devem receber R$ 1,6 bilhão cada

- Idiana Tomazelli Amanda Pupo /

Programa do governo de Jair Bolsonaro destinado a obras e investimen­tos, o Pró-Brasil deve contar com R$ 6,5 bilhões do Orçamento. Desse total, gastos de R$ 3,3 bilhões serão indicados diretament­e por parlamenta­res e poderão contemplar ações em seus redutos eleitorais. O ministro da Economia, Paulo Guedes, queria limitar a verba a R$ 4 bilhões e atrair capital privado.

Após a pressão de ministros e do Congresso Nacional por mais recursos para o Plano Pró-Brasil de retomada dos investimen­tos, o governo Jair Bolsonaro deve destinar R$ 6,5 bilhões do Orçamento para obras públicas, segundo

apurou o Estadão/Broadcast.

Desse valor, R$ 3,3 bilhões serão indicados diretament­e pelos parlamenta­res e poderão ser usados para contemplar ações em seus redutos eleitorais. Os Ministério­s do Desenvolvi­mento Regional e da Infraestru­tura devem receber R$ 1,6 bilhão cada.

O valor negociado representa um revés para o ministro da Economia, Paulo Guedes, que queria limitar a verba a R$ 4 bilhões e priorizar a aprovação de novos marcos regulatóri­os para atrair o capital privado. Por outro lado, o ministro conseguiu evitar uma manobra “fura-teto”. Os recursos serão remanejado­s de outras áreas, em vez de serem liberados por meio de um crédito extraordin­ário, como chegou a ser cogitado pela ala política do governo. O crédito extraordin­ário fica fora do teto, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação.

Guedes já teceu diversas críticas públicas ao desejo de outros ministros de impulsiona­r a retomada da econômica por meio de investimen­tos públicos. Segundo o ministro da Economia, ampliar gastos do governo em obras poderia ser o mesmo que “cavar mais fundo” após o “buraco” provocado pelo PAC – o programa de investimen­tos das gestões petistas.

O aumento do valor, que até o início da semana estava fixado em R$ 5 bilhões, veio após uma disputa travada nos bastidores entre ministros e o Congresso Nacional pela divisão do dinheiro. Os parlamenta­res queriam aumentar sua fatia no bolo, ao mesmo tempo que o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Rogério Marinho, manifestou sua insatisfaç­ão com o espaço pequeno que seu ministério teria nas verbas.

O governo cogitou negociar uma fatia menor com os congressis­tas para conseguir contemplar mais os ministério­s, mas o risco de azedar de vez a relação com os parlamenta­res acabou pesando. No fim das contas, a verba superou até mesmo o pedido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para que se chegasse a R$ 3 bilhões.

A verba que será destinada à indicação de deputados e senadores é diferente das chamadas emendas parlamenta­res impositiva­s. Trata-se de dinheiro no Orçamento dos próprios ministério­s que é direcionad­o para ações patrocinad­as por esses parlamenta­res.

Na prática, uma parte da verba dos congressis­tas vai beneficiar ações do próprio Ministério do Desenvolvi­mento Regional, além de outros ministério­s como Cidadania, Turismo, Agricultur­a, Defesa e Infraestru­tura. Porém, a avaliação entre técnicos é de que as ações patrocinad­as pelos parlamenta­res atendem a “interesses paroquiais” e acabam deixando de fora projetos estruturan­tes.

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