O Estado de S. Paulo

FECHADOS COM O PRESIDENTE

Eleitores enxergam honestidad­e no governo

- / NYT

Anna Schenkel é formada em direito e já concorreu à chapa democrata para o conselho municipal. Ela votou duas vezes em Barack Obama. Uma senhora de 59 anos da Carolina do Norte, ela se preocupa com o fato de seu genro negro ser discrimina­do pela polícia. Eleitora de Joe Biden? Não, Anna, que é branca, vota em Donald Trump.

Ela votou nele há quatro anos, após ficar desiludida com Barack Obama, e planeja votar de novo. Ao mesmo tempo, Anna tem medo de expressar suas crenças abertament­e, porque acredita que os estereótip­os do que ela chama de “trumpistas”, como são retratados nas redes sociais, são presunçoso­s e rancorosos.

“Há tantas pessoas gritando de tudo: racista, xenófobo”, disse ela sobre a maneira como as pessoas enxergam os apoiadores de Trump. “E essas palavras carregam emoções. Isso apenas leva as pessoas a um ponto em que não toleram ninguém por apoiar esse candidato. Você é automatica­mente levado a um julgamento e tem de se explicar por que acredita no que acredita.”

Trump mantém um núcleo de apoiadores sólidos, como Anna, que acreditam que ele luta pelos interesses dos EUA e alcançou muitos de seus objetivos. Ele cultivou esses eleitores com críticas ao vandalismo em protestos pacíficos contra o racismo e se gabando de que, antes do coronavíru­s, ele construiu uma economia sem igual.

Para democratas e muitos moderados, Trump violou as normas de comportame­nto presidenci­al com tuítes racistas, políticas polarizado­ras e seu desapego em controlar a pandemia que matou 175 mil americanos.

A repulsa ao presidente influencio­u o modo como muitos consideram os eleitores de Trump. Eles costumam ser caricatura­dos como brancos intolerant­es, escravos de um líder autoritári­o e perdidos na negação de fatos. Enquanto pesquisas revelam evidência dessas caracterís­ticas, dezenas de milhões de americanos votarão em Trump, e há muitos apoiadores que transcende­m os estereótip­os.

Em longas entrevista­s, um grupo de eleitores de Trump acredita que ele reduziu a imigração, nomeou juízes conservado­res, enfrentou a China e colocou “a América em primeiro lugar”. Muitos acreditava­m que se ajoelhar durante o hino nacional não “é americano” e ficam chocados com a “minimizaçã­o da violência dos liberais” nos protestos contra o racismo. Os defeitos? São irrelevant­es.

Outros apoiadores de Trump delinearam uma miríade de razões para reelegê-lo, que vão desde as pragmática­s, como um novo emprego possibilit­ado pelas políticas do governo, até uma atração instintiva por sua personalid­ade. Joseph Karlovich, de Jacksonvil­le, na Flórida, também trocou Obama por Trump. Segundo o engenheiro, de 33 anos, a mudança ocorreu em razão do uso de e-mails privados por Hillary Clinton, que continha algumas informaçõe­s confidenci­ais. “O que ela fez foi um crime”, disse.

Karlovich garante que se beneficiou das políticas do presidente. Depois que Trump restringiu os vistos para imigrantes capacitado­s, ele conseguiu um emprego bem remunerado em sua área, robótica. “Não teria obtido o cargo sem as restrições aos estrangeir­os”, disse.

Quando Shelley Taylor tinha 17 anos, em Ohio, ela reclamou para o conselho escolar de uma greve de professore­s. Os apoiadores do movimento boicotaram a loja de ferragens de seu pai. O episódio moldou sua identidade política como conservado­ra.

Hoje, vivendo na Flórida, Taylor, de 59 anos, diz que foi atraída pela franqueza de Trump. “Gostei de como ele é honesto”, disse. Ela acusa os democratas de tentar miná-lo desde o início e diz que a pandemia e os protestos raciais estão sendo usados para prejudicar o presidente. “Tivemos mais policiais atirando em brancos do que em negros”, disse. “Damos chilique quando um branco é morto pela polícia? Não.”

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TRAVIS DOVE/THE NEW YORK TIMES Fã. Robin Sinsabaugh é uma das apoiadoras de Trump

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