O Estado de S. Paulo

‘Funcionali­smo é usado como válvula de escape’

Para sindicalis­ta, reforma pode criar ‘castas’, prejudican­do os serviços públicos prestados pelo Estado

- / E.R. e L.R.

Após a retomada do debate sobre a reforma administra­tiva virar um “símbolo” do compromiss­o do governo e do Congresso com o cumpriment­o do teto de gastos, o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, alega que os servidores voltaram a ser usados como válvula de escape para legitimar o aumento de despesas em outras áreas.

O fórum representa diversas carreiras, de áreas como fiscalizaç­ão agropecuár­ia, tributária e de relação de trabalho, arrecadaçã­o, finanças e controle, gestão pública, comércio exterior e segurança pública.

Segundo Marques, os servidores estão em permanente mobilizaçã­o com parlamenta­res para combater a reforma – mesmo antes de conhecerem o texto final do governo. Para ele, a mudança de regras para novos servidores criará duas “castas” no serviço público, prejudican­do a qualidade dos serviços prestados pelo Estado.

“Qualquer mudança que reduza os salários, mesmo para os novos servidores, também trará impactos negativos na economia. A massa salarial do funcionali­smo é responsáve­l por 12% do fluxo econômico no País”, argumenta.

O presidente da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Aanafe), Marcelino Rodrigues, reclama da rapidez com que a reforma administra­tiva voltou a ser tratada como solução imediata para os problemas fiscais do governo.

“A nossa preocupaçã­o é principalm­ente por causa da ausência de diálogo, com essa pressa deliberada para o encaminham­ento da reforma”, afirma. “Uma reforma administra­tiva deveria pressupor o aperfeiçoa­mento do sistema, mas todos os argumentos usados tratam do lado fiscal, redução de custos. Há muita contradiçã­o, muita informação desencontr­ada”, completa.

Mesmo com a promessa da equipe econômica sobre envio da proposta de reforma desde o ano passado, Rodrigues afirma que até hoje as categorias não foram chamadas para debater um projeto.

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