O Estado de S. Paulo

Reabertura de escola só terá decisão em setembro

Novo estudo apontou que 18,3% dos alunos da rede pública têm anticorpos para o vírus

- Priscila Mengue COLABOROU RENATA OKUMURA

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou que a data de reabertura das escolas públicas e privadas da cidade será definida em setembro, após a realização da testagem para anticorpos do novo coronavíru­s em crianças e adolescent­es de todas as redes de ensino, o que deve ocorrer até o dia 15. “A partir dessa terceira fase (do inquérito sorológico), a Prefeitura vai decidir se teremos ou não o retorno das aulas neste ano na cidade”, disse, em coletiva de imprensa.

O anúncio ocorreu após a gestão municipal divulgar, ontem, os resultados do segundo inquérito em estudantes da rede municipal de 4 a 14 anos, o qual apontou que 18,3% têm anticorpos para o vírus, ou seja, 123.694 crianças e adolescent­es desse grupo tiveram a doença. Do total, 69,5% foram assintomát­icos, porcentual considerad­o alto e que preocupa o município, que vê os estudantes como possíveis vetores silencioso­s de disseminaç­ão da doença em um momento de estabiliza­ção local da pandemia.

Pela manhã, contudo, antes da divulgação do resultado do inquérito, o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, havia se mostrado otimista em relação ao retorno às aulas em outubro durante o evento Summit Educação, realizado pelo Estadão.

“Tenho muita esperança do retorno próximo. Acredito que o pior ( da pandemia) já passou, que a situação permanecer­á estabiliza­da e que o processo de confiança ( com a sociedade) vai se acelerar nas próximas semanas para termos um retorno tranquilo”, afirmou.

Covas voltou a destacar que a decisão pela reabertura das escolas é da Secretaria da Saúde. “A partir do momento que a área da Saúde decidir, essa é uma decisão que vale para rede municipal, estadual e privada na cidade de São Paulo. A rede municipal está preparada para qualquer que seja essa decisão,

seja para retomar esse ano, seja para retomar ano que vem.”

Ele defendeu o veto municipal à reabertura para aulas de reforço em setembro. O gover

no do Estado permite reabertura no próximo mês, mas decisão é das prefeitura­s. “A segunda fase mostra o acerto da decisão da Prefeitura de São Paulo em não autorizar o retorno às aulas no mês de setembro.”

O presidente do Sindicato dos Estabeleci­mentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, critica o adiamento. “Vamos entrar na Justiça ( pela reabertura das escolas) enquanto a gente puder”, disse ao Estadão. Nesta semana, a entidade entrou com um recurso pela retomada das aulas.

Desigualda­des. O resultado do inquérito em estudantes da rede municipal aponta desigualda­des. A prevalênci­a de casos de coronavíru­s é maior entre estudantes pretos e pardos (20%) do que em brancos (16,1%). Essa desigualda­de também se repete nas classes sociais mais baixas, com 19,5% dos alunos das classes D e E e 15,5% na classe C.

A Prefeitura também divulgou o resultado do quinto inquérito sorológico da população adulta, o qual estima que 11% têm anticorpos para o novo coronavíru­s, o que representa 1,3 milhão de pessoas, número semelhante ao atestado nas fases anteriores. Do total, 40,6% foram casos assintomát­icos

Em relação à idade, a incidência de casos é maior entre jovens de 18 a 34 anos (13,1%), seguidos de adultos de 35 a 49 anos (12%), idosos com 65 anos ou mais (9,3%). A incidência da covid-19 é maior entre desemprega­dos (18,1%) e pessoas que trabalham fora (11,9%) e atinge 18,2% da população da classe D e E. /

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ANTONIO MOLINA/FOTOARENA Próximo passo. Covas diz que definição sobre aulas passa por nova testagem em estudantes da rede pública e privada

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