Fórum dos Leitores
• Finanças públicas A evidência do fracasso
Nos ensinamentos de grandes mestres como Eugênio Gudin e Roberto Campos, o crescimento de um país se dá pela soma de educação e investimentos em infraestrutura. A primeira é a visão de estadista, de longo prazo, a segunda visa o curto e o médio prazos, mas o termo de maturação de ambas é registrado pela qualificação da mão de obra. Na ânsia de descobrir o milagre do desenvolvimento, alguns “alquimistas” se prestam a videntes do futuro e não usam a ciência econômica, fazem política de baixo nível, iludindo quem lhes dá ouvidos. Voltemos aos velhos fundamentos conhecidos desde Adam Smith: governo pequeno e honesto, tributação moderada, respeito ao direito de propriedade e melhoria dos agentes econômicos pela competição e pela educação. Investir? Não basta, é preciso investir bem, estimular e proteger quem poupa e investe de fato. O Brasil está longe disso, basta olhar o gritante custo dos servidores públicos. Tal grupo de privilegiados, sem paralelo no mundo, é formado por 12,6 milhões de brasileiros (ativos, inativos, civis e militares), que representam apenas 5,9% da população. São 2,2 milhões federais, 4 milhões estaduais e 6,4 milhões municipais. E custaram 48,6% da carga tributária em 2019, metade de tudo com que contribuímos para recompensar regiamente marajás como o desembargador Eduardo Siqueira, que corre o risco de ser “punido” com a aposentadoria integral – afinal, nosso Judiciário é o mais dispendioso do planeta, isso sem considerar a criação do TRF-6, recém-aprovada pelo Congresso, que não por acaso é o segundo Parlamento mais caro do mundo. Esse desatino se exacerba ao constatarmos que os servidores de que mais precisamos, como professores, profissionais da saúde e policiais, são mal remunerados. Vale atentar que a reforma administrativa está trancada a sete chaves pelo presidente, que para ser eleito prometeu mudar tudo isso.
OSWALDO COLOMBO FILHO COLOMBOCOMSULT@GMAIL.COM SÃO PAULO
Renda Brasil
Não é preciso tirar dos pobres para dar aos paupérrimos. Basta cortar os penduricalhos dos servidores públicos de alta renda, limitar os vencimentos dos servidores ao teto definido em lei, acabar com os dois meses de férias do Judiciário e do Ministério Público, impedir a instalação do TRF-6 e criações similares. Ou seja, fazer a tão necessária reforma administrativa.
ALROGER LUIZ GOMES ALROGER-GOMES@UOL.COM.BR COTIA
• Desgoverno Bolsonaro Confusão programática
O ministro Paulo Guedes diz uma coisa e o presidente Jair Bolsonaro retruca e retifica. O populismo de ambos está caminhando para uma confusão programática, em que Casa Verde Amarela briga com Minha Casa Minha Vida e o Renda Brasil não chega a um montante, porque Guedes fala um e Bolsonaro, outro. Estão mais perdidos que cego em tiroteio!
JOSÉ CARLOS DE CARVALHO CARNEIRO CARNEIROJCC@UOL.COM.BR
RIO CLARO
Script ensaiado
Vejo com certa suspeita as discordâncias entre o presidente e sua equipe econômica. Discordâncias são essenciais no trabalho em equipe e a transparência sobre isso é elogiável. No teatro a palavra “deixa” significa o sinal de um ator para outro indicando o momento de sua fala. Parece-me que a equipe econômica e o presidente agem assim. Guedes dá a deixa e o presidente entra com a fala de protagonista redentor e protetor dos pobres. Isso não é transparência, é roteiro de espetáculo.
VALTER VICENTE SALES FILHO VALTERSAOPAULO@YAHOO.COM SÃO PAULO
Escada
Guedes morde, Bolsonaro assopra. Um aperta, o outro afrouxa. Só muito parvos não percebem essa manjada combinação eleitoreira para Bolsonaro subir nas intenções de voto com vista à reeleição. A Escola de Chicago, pelo visto, além de economistas, forma também escadas.
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO TULLIOCARVALHO.ADVOCACIA@GMAIL.COM BELO HORIZONTE
Efeito contrário
A ideia da equipe econômica do governo de retirar do Imposto de Renda da Pessoa Física os descontos de despesas com saúde para aumentar a arrecadação, se vingar, vai ter efeito contrário para os cofres públicos: o que economizar com os pacientes será perdido com os profissionais da saúde, que não mais precisarão declarar o numerário recebido. Além disso, a impossibilidade de descontar os gastos com os planos de saúde vai desestimular ainda mais a utilização destes, acarretando aumento ainda maior na procura pelo serviço público de saúde. Um exemplo de efeito contrário foi a eliminação do desconto relativo a empregadas domésticas. Sem esse incentivo o que se viu foi a substituição crescente por diaristas, que aumentam o desemprego formal.
NELSON L. BRAGHITTONI BRAGHITT@USP.BR SÃO PAULO
Boa ideia
Luis Fernando Verissimo faz uma indagação formidável ao final de sua coluna Constantino ( 27/8, H6). “E aí, Paulo Guedes: taxar igrejas em vez de livros. Não é uma boa ideia?” Outras pessoas poderão também ler Keynes três vezes no original...
MAURO LACERDA DE ÁVILA LACERDAAVILA@UOL.COM.BR SÃO PAULO
Cópia da cópia
Como diria o Velho Guerreiro, o Chacrinha, “nada se cria, tudo se copia”. O programa Bolsa Família, instituído no governo Lula, unificou e ampliou programas anteriores de transferência de renda criados no governo FHC, tais como o Bolsa-Escola, o Cadastramento Único do governo federal, o Bolsa-Alimentação e o Vale-Gás. Além do Renda Brasil, recentemente o governo Bolsonaro criou o auxílio emergencial, que usa como base o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Como se vê, parece faltar criatividade aos nossos presidentes, que se criticam mutuamente, mas no fim acabam se copiando. O Brasil merecia políticos melhores.
JOÃO MANUEL MAIO CLINICAMAIO@TERRA.COM.BR SÃO JOSÉ DOS CAMPOS