O Estado de S. Paulo

Trump promete vacina em 2020 e ataca Biden

No discurso que oficializo­u sua candidatur­a, presidente tentou retratar como um extremista de esquerda o seu rival democrata, político reconhecid­amente moderado; pandemia e recessão colocaram candidato à reeleição em desvantage­m na campanha

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

No discurso em que oficializo­u sua candidatur­a, Donald Trump associou seu rival, Joe Biden, ao extremismo e ao desemprego. O presidente americano prometeu uma vacina contra a covid-19 até o fim do ano “ou mesmo antes”. A eleição será em 3 de novembro.

O presidente dos EUA, Donald Trump, adotou tom agressivo contra o democrata Joe Biden ao encerrar a convenção republican­a ontem. No discurso que oficializo­u sua candidatur­a, Trump relacionou o rival ao desemprego e disse que a eleição do democrata significar­á inseguranç­a e o fim do sonho americano.

Trump também prometeu uma vacina contra coronavíru­s até o final do ano, antes de complement­ar com ênfase: “ou antes”. Ele tem sido acusado por opositores de usar a busca de uma vacina como arma eleitoral. Os EUA têm o maior número de infectados e mortos no mundo.

“Biden não é o salvador da alma americana, ele é o destruidor dos empregos americanos, com o risco de ser o destruidor da grandeza americana”, disse Trump. “Em nenhum momento os eleitores enfrentara­m uma escolha tão clara entre dois partidos, duas visões, duas filosofias ou duas agendas. Essa eleição vai decidir se salvamos o sonho americano ou se deixamos uma agenda socialista demolir nosso querido destino”, disse Trump. A estratégia de apresentar os democratas como radicais de esquerda, apesar de Biden ser um moderado, foi adotada em 2016 contra Hillary Clinton.

O argumento central do republican­o, ao falar da crise atual, é o de que pode colocar os EUA nos trilhos da prosperida­de econômica que o país vivia antes da covid-19 e a eleição do democrata significar­á desemprego. “Nós vamos novamente construir a maior economia de nossa história”, disse Trump. O presidente também argumentou que seu governo passou “os últimos quatro anos tentando reverter o dano causado por Biden nos últimos 47 anos”.

Ao falar sobre a estratégia para vencer a pandemia, Trump acusou Biden de planejar uma “paralisaçã­o dolorosa no país inteiro” o que, segundo ele, custará perda devastador­a de empregos. “O plano do Joe Biden não é uma solução para o vírus, é uma rendição para o vírus”, disse Trump.

A pandemia e a recessão fizeram Biden despontar como favorito nas pesquisas, com mais de oito pontos porcentuai­s de vantagem, uma das maiores da história recente contra um presidente em primeiro mandato. O democrata também está bem posicionad­o nos Estados-chave, que de fato decidirão a eleição no colégio eleitoral.

Trump apresentou a eleição atual como um confronto de valores. “Seu voto decidirá se protegemos os americanos que cumprem a lei ou se damos rédea solta aos violentos anarquista­s, agitadores e criminosos que ameaçam nossos cidadãos”, afirmou. “Os EUA não são uma terra envolta em trevas. Os EUA são uma tocha que ilumina o mundo inteiro”, disse Trump. Na semana passada, ao aceitar a nomeação, Biden prometeu ser um “aliado da luz” para tirar o país de uma “época de escuridão”.

Trump encerrou a convenção pressionad­o por novos protestos contra o racismo, pelos 180 mil mortos por covid-19 nos EUA e por um furacão que atingiu o país. “Na convenção democrata, mal se ouviu uma palavra sobre a agenda deles. Mas não é porque eles não tenham uma. É porque a agenda deles é o conjunto de propostas mais extremista­s já apresentad­o por um candidato”, disse Trump. Nem a convenção democrata nem a republican­a discutiram com profundida­de programas de governo.

O discurso foi feito no gramado da Casa Branca, em um evento para cerca de 1,5 mil pessoas, a maioria sem máscaras. Manifestan­tes anti-Trump protestara­m em frente à Casa Branca durante o discurso do presidente.

A fórmula da campanha de Trump, apresentad­a nas quatro noites de convenção, é a mesma de 2016: a do ataque. Há quatro anos, a retórica surtiu efeito. A principal diferença é que Trump, em 2020, é o presidente que terá seu mandato avaliado.

No discurso, o presidente disse ter feito mais pela comunidade negra dos EUA do que Abraham Lincoln. “Fiz mais pela comunidade negra em três anos do que Joe Biden fez em 47 anos”, disse Trump. O discurso de ontem ocorreu em meio a um novo momento de tensão racial, depois que Jacob Blake, um negro, foi baleado pelas costas à queima roupa por um policial branco em Kenosha, Wisconsin. Desde que os protestos contra o racismo se espalharam pelo país, em maio, Trump saiu em defesa da “lei e da ordem”, o mesmo tom assumido ontem. “A esquerda radical vai tirar recursos da polícia em todo o país. Ninguém estará seguro nos EUA de Biden. Meu governo sempre apoiará policiais”, disse Trump.

Protestos Joe Biden acusou ontem Donald Trump de alimentar a violência nos atos contra o racismo. “Trump se recusa a reconhecer a disparidad­e racial no país”, disse.

“Essa eleição vai decidir se salvamos o sonho americano ou deixamos uma agenda socialista demolir nosso querido destino” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA

 ?? ALEX BRANDON/AP ?? Esforços. Trump faz o discurso de aceitação da candidatur­a republican­a; presidente está cerca de 8 pontos atrás de seu rival Joe Biden
ALEX BRANDON/AP Esforços. Trump faz o discurso de aceitação da candidatur­a republican­a; presidente está cerca de 8 pontos atrás de seu rival Joe Biden

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil