O Estado de S. Paulo

Candidata, Joice adere a discurso anti-doria

Deputada diz que tucano foi ‘marqueteir­o’ na Prefeitura; Andrea terá vice evangélica

- Bruno Ribeiro Matheus Lara Pedro Venceslau

No primeiro dia de convenções partidária­s, três legendas confirmara­m ontem seus candidatos à eleição municipal de São Paulo. Numa reunião que só foi anunciada no dia anterior, a deputada Joice Hasselmann (PSL) criticou até o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem mantinha laços políticos e trocava elogios públicos. “João Doria não foi prefeito. Ele só deu uma passadinha. Foi mais marqueteir­o do que prefeito e deixou uma nulidade que é o Bruno Covas”, afirmou.

Em novembro do ano passado, o governador chegou a defender publicamen­te uma chapa unificada entre Covas – que será candidato à reeleição pelo PSDB – e Joice, classifica­da por ele como “uma deputada brilhante”.

Na campanha de 2018, Joice foi responsáve­l por articular uma declaração do então candidato Jair Bolsonaro em favor de Doria na reta final do segundo turno. Os dois já romperam com o agora presidente da República. Bolsonaro promete não se envolver, ao menos oficialmen­te, no primeiro turno das eleições municipais. Em São Paulo, postulante­s, inclusive os associados à esquerda, disputam o espólio bolsonaris­ta na cidade e uma das estratégia­s é se declarar como oposição a Doria, visto como possível adversário do presidente em 2022.

Doria não foi o único alvo de Joice na entrevista coletiva que deu após a convenção do seu partido, que ocorreu de forma virtual. Sobre o eventual retorno de Bolsonaro ao PSL, possibilid­ade discutida nos círculos bolsonaris­tas, a deputada condiciono­u a reaproxima­ção a um pedido público de desculpas. “Por que o presidente Bolsonaro quer voltar ao PSL? Qual a intenção? É para construir ou para destruir? É para fazer uma intervençã­o inquisidor­a? Se for para isso, que fique onde está. Se ele vier para construir, que peça desculpas públicas a quem ele tentou destruir. Não adianta pedir desculpa no privado”.

Joice também mirou os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro. “Não quero sentar ao lado de alguém que fez “rachadinha”, que é eufemismo para corrupção”, afirmou ela.

A convenção do PSL foi a primeira da capital paulista e aconteceu de forma virtual. O evento só foi divulgado no fim de semana e pegou de surpresa até aliados da parlamenta­r.

Deputada federal mais votada, a jornalista obteve 1.078.659 votos por São Paulo, ficando atrás apenas de Eduardo Bolsonaro (1.843.715). Sobre seu candidato a vice, Joice disse que está dividida entre nomes, todos do PSL: o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o empresário Ivan Sayeg Leão e Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal de Bolsonaro.

Vice. O ex-ministro Andrea Matarazzo foi lançado ontem pelo PSD. Ele foi à convenção com o nome da vice escalado: a deputada estadual Marta Costa (PSD), que foi vereadora por três mandatos tendo como base o eleitorado da Assembleia de Deus. Seu nome é um aceno ao eleitorado evangélico. Em seu discurso, Marta citou Deus e a Bíblia por duas vezes. “A Bíblia diz que, quando o justo governa, o povo se alegra. Mas quando o ímpio (cruel) governa, o povo geme”.

Presidente do PSD, Gilberto Kassab falou por duas vezes na convenção, que foi transmitid­a pela internet por causa da pandemia do coronavíru­s, e saiu antes que os jornalista­s fizessem perguntas. Ele está afastado da Secretaria Estadual da Casa Civil do governo estadual desde janeiro do ano passado após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, acusado de ter recebido propinas da J&F entre 2010 e 2016, quando era prefeito. Ele nega as acusações.

Ao atender jornalista­s depois da convenção, Matarazzo disse que as acusações contra o exprefeito não serão um problema para sua campanha. “Conheço o Kassab há 50 anos.” No discurso que o oficializo­u candidato, citou o combate à corrupção como uma das ações prioritári­as. A campanha também deve destacar que Matarazzo conhece particular­idades de diversos bairros da cidade.

A terceira convenção de ontem foi do PRTB, que confirmou Levy Fidelix como candidato. Concorrend­o pela quinta vez à capital paulista, Fidelix aposta na atuação do vice-presidente Hamilton Mourão, do seu partido, como cabo eleitoral (mais informaçõe­s nesta página). Mourão não compareceu à convenção do partido.

 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO ?? PSD. Matarazzo definiu evangélica como vice na chapa
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO PSD. Matarazzo definiu evangélica como vice na chapa
 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO ?? PSL. Joice critica Covas, Doria e Bolsonaro em convenção
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO PSL. Joice critica Covas, Doria e Bolsonaro em convenção

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil