Candidata, Joice adere a discurso anti-doria
Deputada diz que tucano foi ‘marqueteiro’ na Prefeitura; Andrea terá vice evangélica
No primeiro dia de convenções partidárias, três legendas confirmaram ontem seus candidatos à eleição municipal de São Paulo. Numa reunião que só foi anunciada no dia anterior, a deputada Joice Hasselmann (PSL) criticou até o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem mantinha laços políticos e trocava elogios públicos. “João Doria não foi prefeito. Ele só deu uma passadinha. Foi mais marqueteiro do que prefeito e deixou uma nulidade que é o Bruno Covas”, afirmou.
Em novembro do ano passado, o governador chegou a defender publicamente uma chapa unificada entre Covas – que será candidato à reeleição pelo PSDB – e Joice, classificada por ele como “uma deputada brilhante”.
Na campanha de 2018, Joice foi responsável por articular uma declaração do então candidato Jair Bolsonaro em favor de Doria na reta final do segundo turno. Os dois já romperam com o agora presidente da República. Bolsonaro promete não se envolver, ao menos oficialmente, no primeiro turno das eleições municipais. Em São Paulo, postulantes, inclusive os associados à esquerda, disputam o espólio bolsonarista na cidade e uma das estratégias é se declarar como oposição a Doria, visto como possível adversário do presidente em 2022.
Doria não foi o único alvo de Joice na entrevista coletiva que deu após a convenção do seu partido, que ocorreu de forma virtual. Sobre o eventual retorno de Bolsonaro ao PSL, possibilidade discutida nos círculos bolsonaristas, a deputada condicionou a reaproximação a um pedido público de desculpas. “Por que o presidente Bolsonaro quer voltar ao PSL? Qual a intenção? É para construir ou para destruir? É para fazer uma intervenção inquisidora? Se for para isso, que fique onde está. Se ele vier para construir, que peça desculpas públicas a quem ele tentou destruir. Não adianta pedir desculpa no privado”.
Joice também mirou os filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro. “Não quero sentar ao lado de alguém que fez “rachadinha”, que é eufemismo para corrupção”, afirmou ela.
A convenção do PSL foi a primeira da capital paulista e aconteceu de forma virtual. O evento só foi divulgado no fim de semana e pegou de surpresa até aliados da parlamentar.
Deputada federal mais votada, a jornalista obteve 1.078.659 votos por São Paulo, ficando atrás apenas de Eduardo Bolsonaro (1.843.715). Sobre seu candidato a vice, Joice disse que está dividida entre nomes, todos do PSL: o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, o empresário Ivan Sayeg Leão e Marcos Cintra, ex-secretário da Receita Federal de Bolsonaro.
Vice. O ex-ministro Andrea Matarazzo foi lançado ontem pelo PSD. Ele foi à convenção com o nome da vice escalado: a deputada estadual Marta Costa (PSD), que foi vereadora por três mandatos tendo como base o eleitorado da Assembleia de Deus. Seu nome é um aceno ao eleitorado evangélico. Em seu discurso, Marta citou Deus e a Bíblia por duas vezes. “A Bíblia diz que, quando o justo governa, o povo se alegra. Mas quando o ímpio (cruel) governa, o povo geme”.
Presidente do PSD, Gilberto Kassab falou por duas vezes na convenção, que foi transmitida pela internet por causa da pandemia do coronavírus, e saiu antes que os jornalistas fizessem perguntas. Ele está afastado da Secretaria Estadual da Casa Civil do governo estadual desde janeiro do ano passado após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, acusado de ter recebido propinas da J&F entre 2010 e 2016, quando era prefeito. Ele nega as acusações.
Ao atender jornalistas depois da convenção, Matarazzo disse que as acusações contra o exprefeito não serão um problema para sua campanha. “Conheço o Kassab há 50 anos.” No discurso que o oficializou candidato, citou o combate à corrupção como uma das ações prioritárias. A campanha também deve destacar que Matarazzo conhece particularidades de diversos bairros da cidade.
A terceira convenção de ontem foi do PRTB, que confirmou Levy Fidelix como candidato. Concorrendo pela quinta vez à capital paulista, Fidelix aposta na atuação do vice-presidente Hamilton Mourão, do seu partido, como cabo eleitoral (mais informações nesta página). Mourão não compareceu à convenção do partido.