O Estado de S. Paulo

Objetivo é espalhar o medo para se vender como solução

- Paul Waldman / W.POST ✽ É COLUNISTA

Amaioria de nós nunca experiment­ou um período de incerteza como este. O presidente dos EUA entende o que estamos passando. Sua resposta? Agora vou fazer você se sentir ainda pior. Esta é sua estratégia de campanha: aumentar a sensação de que as coisas estão saindo do controle. Assim, recorremos a um homem forte que promete restaurar a ordem por meio do uso de medidas autoritári­as.

A estratégia tem muito a ver com a violência que estourou em certas cidades. Para onde quer que você olhe, Donald Trump está minando as instituiçõ­es, aumentando a ansiedade e encorajand­o os eleitores a se sentirem desamparad­os, dizendo-lhes que a única solução é ele.

Muitos perguntam como Trump pode pintar um quadro caótico das cidades e dizer que elas representa­m a “América de Biden”, quando esses episódios de violência ocorrem sob o comando de Trump. A ideia de que precisamos de um segundo mandato para mudar o que está acontecend­o durante o primeiro é absurda.

Trump promove um sentimento de medo e de incerteza. A violência chegará à minha cidade? Os anarquista­s queimarão a minha casa? Não é por acaso que os republican­os repetem tanto a palavra “anarquista”, apesar de ser possível colocar todos os anarquista­s dos EUA dentro de um ônibus escolar. É a ideia de anarquia que Trump quer que tenhamos em mente.

Agora, ele decidiu ir a Kenosha, em Wisconsin, onde um apoiador de Trump, de 17 anos, matou dois manifestan­tes e se tornou um herói para alguns da direita. A campanha de Trump sabe que a viagem é um ato de provocação, com o objetivo não de acalmar as coisas, mas de inflamá-las. Ele espera que a visita cause mais inquietaçã­o. Em meio a esse horror, a ideia é que você corra para os braços dele, não importa se ele é corrupto, quantos de seus aliados cometeram crimes ou se ele é vulgar e imoral.

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