O Estado de S. Paulo

Confiança retorna aos níveis pré-pandemia

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Depois da queda abrupta verificada em abril, quando o Índice de Confiança do Comércio (Icom) da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) atingiu o patamar mínimo de 62,1 pontos, houve forte recuperaçã­o nos últimos quatro meses, elevando o indicador a 96,6 pontos em agosto, 10,5 pontos acima do que foi registrado em julho. Na prática, o Icom já está próximo dos níveis constatado­s antes da eclosão da pandemia do novo coronavíru­s (99,8 pontos, em fevereiro).

O indicador da FGV está em linha com outros levantamen­tos, como os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), que apontam para a recuperaçã­o do comércio. Destaca-se, no Icom, o fato de que foi a situação atual que puxou o índice para cima, ao registrar 102 pontos, maior valor desde agosto de 2013 e muito acima do índice de expectativ­as, de apenas 91,3 pontos. É uma diferença expressiva. As expectativ­as melhoram mais devagar, o que faz crer que os entrevista­dos para a pesquisa ainda não estão animados com o futuro, quando as compensaçõ­es financeira­s hoje postas em prática para combater os efeitos da crise já não estarão presentes.

Na avaliação do coordenado­r da Sondagem do Comércio da FGV, Rodolpho Tobler, “apesar dos resultados positivos, a velocidade da recuperaçã­o não tem sido homogênea entre os segmentos”. Em resumo, afirma, “os consumidor­es estão se mostrando cautelosos e a incerteza se mantém elevada, dificultan­do a elaboração de cenários mais claros da tendência da confiança nos próximos meses”.

Nessa recuperaçã­o não homogênea entre os segmentos que compõem o varejo ampliado, itens como tecidos, vestuário e calçados, bem como veículos, motos e peças, ainda têm comportame­nto inferior ao observado em fevereiro. Ao contrário, é favorável a situação de hiper e supermerca­dos, segmento que não chegou a apresentar queda durante o período da pandemia. Também o item móveis e eletrodomé­sticos ajudou a puxar para cima o resultado do indicador.

Entre os problemas dominantes está o das dúvidas quanto ao momento em que a pandemia estará controlada. Salvo manifestaç­ões desconecta­das da realidade originária­s do governo federal, que fala em “Brasil vencendo a covid-19”, não há respostas confiáveis sobre o fim da crise e das incertezas.

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