O Estado de S. Paulo

BRASILEIRO VENCE US OPEN EM DUPLAS

Jogando ao lado de croata, mineiro Bruno Soares leva seu sexto Grand Slam.

- Felipe Rosa Mendes

O Brasil voltou ao topo do tênis ontem. E de forma surpreende­nte. Cinco semanas após contrair o novo coronavíru­s, o mineiro Bruno Soares se sagrou campeão do US

Open nas duplas masculinas, ao lado do croata Mate Pavic, em Nova York. Na final, eles derrotaram o holandês Wesley Koolhof e o também croata Nikola Mektic por 2 a 0, parciais de 7/5 e 6/3, em 1h30min.

Foi o sexto título de Slam da carreira de Soares, o segundo brasileiro com mais títulos deste nível na história do tênis nacional. Só está atrás da lendária Maria Esther Bueno, dona de 19 troféus, obtidos nas chaves de simples, duplas e duplas mistas nas décadas de 50 e 60.

O mineiro soma agora três títulos na quadra dura do US Open. Ele foi campeão de duplas masculinas também em 2016, na época jogando com o escocês Jamie Murray. Também levantou o troféu de duplas mistas em 2012 e 2014. “Nova York sempre foi um lugar em que joguei o meu melhor tênis. Foram grandes resultados, vitórias, grandes jogos. Muita história”, celebrou o brasileiro, campeão também do Aberto da Austrália, com Jamie, em 2016.

A conquista de ontem era um tanto improvável porque o brasileiro contraiu a covid-19 faltando apenas duas semanas para embarcar para os Estados Unidos, onde disputou o Masters 1000 de Cincinnati antes do US Open. “Foi aos 45 do segundo tempo, 15 dias antes de viajar. Tive que voltar de forma gradativa. O tempo não estava do meu lado. No Masters, estava mais ofegante que o normal. Mas não tive sintomas, nem dificuldad­e para respirar”, contou.

O resultado no US Open também foi surpreende­nte porque ele vinha oscilando nos últimos Grand Slams, sem alcançar as fases finais. “Foi uma trajetória no estilo 2020, bem maluca, como tudo que está acontecend­o neste ano. É mais uma história para contar”, disse o atual 27.º colocado do ranking de duplas.

“Foi tudo um pouco diferente. Desde pegar corona 15 dias antes de viajar, ter que ficar isolado, sem treinar, sem estar preparado para Cincinnati. Fizemos bons jogos lá. Mas foi até melhor ter perdido logo na primeira rodada para poder ter uma boa semana de treino. Recuperei meu físico, que estava bem abaixo por causa da doença”, comentou.

O título foi a primeira grande conquista de Soares ao lado de Pavic, que já tinha o troféu do Aberto da Austrália de 2018 no currículo. Juntos, tinham como maior troféu o Masters 1000 de Xangai, em 2019. A empolgação com o novo feito foi tão grande que a dupla acabou cumpriment­ando os rivais com apertos de mãos e até abraço, apesar de o protocolo sugerir somente toque de raquetes sobre a rede.

A festa se justifica. Aos 38 anos, Soares admitiu não saber quanto tempo de circuito ainda tem. “A sensação é incrível. Apesar de me sentir bem fisicament­e, óbvio que estou no estágio final. Só o tempo vai dizer se terei mais um, dois ou três anos. Agora, cada momento deste passa a ter gostinho ainda mais especial. E isso me dá muita força para seguir trabalhand­o duro.”

Na final, Soares e Pavic (17.º do mundo nas duplas) foram dominantes do primeiro ao último ponto contra Koolhof (16.º) e Mektic (22.º), ambos estreantes em finais de Grand Slam.

Brasileiro e croata se destacaram, principalm­ente, pela eficiência no saque. Além dos cinco aces, registrara­m aproveitam­ento de 84% dos pontos quando jogaram com o primeiro saque. No primeiro set, a única quebra veio apenas no último game. Logo no segundo break point da dupla, eles buscaram a quebra e fecharam o set. Terminaram a parcial sem ter o saque ameaçado.

No segundo set, seguiram melhores em quadra. Novamente não precisaram enfrentar break points. A quebra de saque veio no sexto game. Pavic confirmou o triunfo no saque dos rivais com um belo lobby. Na sequência, a dupla só precisou confirmar seus games de serviço, com tranquilid­ade.

Bruno Soares CAMPEÃO DE DUPLAS DO US OPEN ‘Estava mais ofegante que o normal. Mas não tive sintomas, nem dificuldad­e para respirar’

 ?? AL BELLO/AFP ?? Festa especial. Bruno Soares festeja no chão o título ganho ao lado do croata Mate Pavic; aos 38 anos, ele define a conquista como ‘sensação incrível’
AL BELLO/AFP Festa especial. Bruno Soares festeja no chão o título ganho ao lado do croata Mate Pavic; aos 38 anos, ele define a conquista como ‘sensação incrível’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil