Prestes Maia, o prefeito do plano de avenidas
Chegada do engenheiro à Prefeitura transformou a cara da cidade com a construção de novas vias e o Estádio do Pacaembu
A chegada de Francisco Prestes Maia à Prefeitura de São Paulo, em 1938, transformou a cidade em um imenso canteiro de obras para a abertura de avenidas, viadutos e até o Estádio do Pacaembu. Prefeito por duas vezes da capital, o engenheiro e arquiteto da USP é o protagonista do quarto capítulo da série especial multimídia do Estadão Política que Marca, que relata a história – por meio de podcasts, minidocumentários e infográficos – de alguns dos principais símbolos da cidade.
O dia de inauguração do Estádio Paulo Machado de Carvalho recebe destaque especial neste episódio. Nele é possível conhecer parte do discurso do então presidente da República, Getúlio Vargas, e ainda descobrir que os atletas convidados para o desfile tiveram de seguir protocolos de comportamento e disciplina diante das autoridades – em 1940, o País vivia o Estado Novo, a fase mais autoritária da Era Vargas.
O prefeito Prestes Maia também acompanhou a cerimônia, que ainda teve uma quebra de protocolo. A delegação do São Paulo Futebol Clube desafiou as regras ao levar para a festa um item proibido por Getúlio: a bandeira do Estado, que, por sinal, tem as mesmas cores da estandarte do clube. A plateia gostou e aplaudiu de pé, o que conferiu ao time o apelido de o “mais querido”.
Marcos. Histórias de futebol e lembranças de torcedores, como a do governador paulista, João Doria (PSDB), e a do ex-jogador Vampeta, misturam-se às marcas da primeira gestão de Prestes Maia na Prefeitura, período em que surgiram as grandes avenidas da cidade.
A lista é imensa. Dos estudos viários do engenheiro saíram os desenhos da Avenida 23 de Maio, Rua da Consolação, Avenida Nove de Julho, Ponte das Bandeiras, as Marginais do Tietê e do Pinheiros e tantas outras.
“Ele consegue realizar num espaço muito curto de tempo as linhas principais deste Plano de Avenidas, e num ritmo de obras que derruba quadras inteiras, que abre avenidas, que transforma São Paulo. É um momento de transformação. A verticalização de São Paulo se inicia de forma muito mais intensa a partir da abertura dessas avenidas”, afirmou a professora Maria Cristina da Silva Leme, da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da USP.
Funcionário público do Estado, Prestes Maia nunca foi político profissional. Pelo contrário, nos 20 primeiros anos de sua trajetória no serviço público era considerado um nome técnico. O perfil mudou quando o Plano de Avenidas ficou conhecido e passou a ser referência para outras cidades e até outros países.
Em sua segunda gestão, a partir de 1961, Prestes Maia fez estudos para a instalação do metrô na cidade, mas não conseguiu avançar e manteve sua fama de prefeito “rodoviarista”. “Por mais visão que ele tivesse, nunca poderia imaginar que São Paulo ficaria como ficou hoje, com esse excesso de carros”, disse a filha do ex-prefeito, Adriana Prestes Maia Fernandes.