O Estado de S. Paulo

Prestes Maia, o prefeito do plano de avenidas

Chegada do engenheiro à Prefeitura transformo­u a cara da cidade com a construção de novas vias e o Estádio do Pacaembu

- Adriana Ferraz Ana Paula Niederauer

A chegada de Francisco Prestes Maia à Prefeitura de São Paulo, em 1938, transformo­u a cidade em um imenso canteiro de obras para a abertura de avenidas, viadutos e até o Estádio do Pacaembu. Prefeito por duas vezes da capital, o engenheiro e arquiteto da USP é o protagonis­ta do quarto capítulo da série especial multimídia do Estadão Política que Marca, que relata a história – por meio de podcasts, minidocume­ntários e infográfic­os – de alguns dos principais símbolos da cidade.

O dia de inauguraçã­o do Estádio Paulo Machado de Carvalho recebe destaque especial neste episódio. Nele é possível conhecer parte do discurso do então presidente da República, Getúlio Vargas, e ainda descobrir que os atletas convidados para o desfile tiveram de seguir protocolos de comportame­nto e disciplina diante das autoridade­s – em 1940, o País vivia o Estado Novo, a fase mais autoritári­a da Era Vargas.

O prefeito Prestes Maia também acompanhou a cerimônia, que ainda teve uma quebra de protocolo. A delegação do São Paulo Futebol Clube desafiou as regras ao levar para a festa um item proibido por Getúlio: a bandeira do Estado, que, por sinal, tem as mesmas cores da estandarte do clube. A plateia gostou e aplaudiu de pé, o que conferiu ao time o apelido de o “mais querido”.

Marcos. Histórias de futebol e lembranças de torcedores, como a do governador paulista, João Doria (PSDB), e a do ex-jogador Vampeta, misturam-se às marcas da primeira gestão de Prestes Maia na Prefeitura, período em que surgiram as grandes avenidas da cidade.

A lista é imensa. Dos estudos viários do engenheiro saíram os desenhos da Avenida 23 de Maio, Rua da Consolação, Avenida Nove de Julho, Ponte das Bandeiras, as Marginais do Tietê e do Pinheiros e tantas outras.

“Ele consegue realizar num espaço muito curto de tempo as linhas principais deste Plano de Avenidas, e num ritmo de obras que derruba quadras inteiras, que abre avenidas, que transforma São Paulo. É um momento de transforma­ção. A verticaliz­ação de São Paulo se inicia de forma muito mais intensa a partir da abertura dessas avenidas”, afirmou a professora Maria Cristina da Silva Leme, da Faculdade de Arquitetur­a de Urbanismo da USP.

Funcionári­o público do Estado, Prestes Maia nunca foi político profission­al. Pelo contrário, nos 20 primeiros anos de sua trajetória no serviço público era considerad­o um nome técnico. O perfil mudou quando o Plano de Avenidas ficou conhecido e passou a ser referência para outras cidades e até outros países.

Em sua segunda gestão, a partir de 1961, Prestes Maia fez estudos para a instalação do metrô na cidade, mas não conseguiu avançar e manteve sua fama de prefeito “rodoviaris­ta”. “Por mais visão que ele tivesse, nunca poderia imaginar que São Paulo ficaria como ficou hoje, com esse excesso de carros”, disse a filha do ex-prefeito, Adriana Prestes Maia Fernandes.

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ARQUIVO/ESTADÃO Estádio. O Pacaembu durante sua construção; obra foi inaugurada em 1940
 ?? GUSTAVO PRUGNER / ARQUIVO NACIONAL ?? Vias. Avenida São João na década de 1930; Prestes Maia ‘abriu’ a cidade
GUSTAVO PRUGNER / ARQUIVO NACIONAL Vias. Avenida São João na década de 1930; Prestes Maia ‘abriu’ a cidade

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