O Estado de S. Paulo

Ministro define os jovens como ‘zumbis existencia­is’

Titular da Educação, Ribeiro diz que a juventude não acredita em Deus e família, perdeu os referencia­is e não tem mais motivação

- Mateus Vargas / BRASÍLIA

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou ontem que jovens se tornaram “zumbis existencia­is” ao não acreditare­m mais em Deus e também na política. O ministro participou de evento no Palácio do Planalto em que o governo lançou projeto de educação em saúde para tratar da prevenção do suicídio e da automutila­ção, da gravidez na adolescênc­ia, do consumo de drogas, além do combate à violência contra populações vulnerávei­s.

Ribeiro relacionou o aumento de doenças mentais à “desconstru­ção deliberada de tudo, sem colocar nada no lugar”. “Não há mais juventude que acredite nas coisas como Deus, política, religião e família. Perdem referencia­l”, disse ele, que é professor universitá­rio e pastor presbiteri­ano. “Temos hoje no Brasil, motivados, creio eu, por essa quebra de absolutos e certezas, verdadeiro­s zumbis existencia­is. Não acreditam mais em nada, desde Deus e política, não têm mais nenhuma motivação.” Segundo ele, essa “desconstru­ção” foi feita de forma deliberada. Ao criticar livros didáticos distribuíd­os por gestões passadas do MEC, disse que alguns “valores” não devem ser tratados “na infância ou adolescênc­ia”.

A ideia do novo programa é promover cursos a distância, além de palestras, para professore­s de escolas públicas e privadas, líderes religiosos, profission­ais de conselhos tutelares e movimentos sociais que lidam com crianças e adolescent­es. O governo não divulgou o orçamento das ações. No lançamento do projeto, houve críticas à discussão do Congresso para liberar o plantio de cannabis para produzir remédios. “Abre o olho, tem uma galera aí querendo liberar maconha. O senhor sabe que desencadei­a suicídio. Abre o olho no Congresso”, disse a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o Brasil enfrentará “ondas” após a pandemia, causadas pelo “desastre econômico e social”. “A segunda onda são mortes causadas por doenças não tratadas”, disse. Ele também citou violência doméstica e depressão, automutila­ção e suicídio como outros grandes desafios.

O general ainda tratou do uso de medicament­os à base de maconha. Ele não avaliou o projeto de lei sobre o plantio, mas disse que o SUS trabalha para garantir o acesso aos fármacos. “Não há nenhuma restrição ao medicament­o. Se é necessário, tem a certificaç­ão, que seja fornecido naturalmen­te pelo SUS.”

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ISAC NÓBREGA/PR - 16/7/2020 Educação. Para ele, aumento de doenças mentais está ligado à ‘desconstru­ção de tudo’

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