O Estado de S. Paulo

Sem vacina, testes são arma de controle da covid-19

Sociedade e cidadão comum devem se ater à qualidade dos testes para uma melhor gestão da saúde

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Seis meses depois de a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) decretar pandemia por causa do novo coronavíru­s, o mundo espera que a ciência encontre vacinas e tratamento­s eficazes contra a doença. Enquanto isso, com a flexibiliz­ação da quarentena e a retomada gradual da economia, os testes de diagnóstic­o da covid-19 se tornaram uma das principais armas no controle e no monitorame­nto dos avanços da doença no Brasil e no mundo, não só pela comunidade médica, mas também para toda a sociedade. “É de nossa responsabi­lidade, como cidadãos, exigir a qualidade dos testes. Nós deveríamos conhecer que tipo de teste estamos fazendo. É preciso investir na educação em saúde da população, que deve saber o que está comprando e que tipo de teste está recebendo”, avalia Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstic­a Brasil.

A Roche continua investindo em inovação para endereçar a necessidad­e nesta pandemia de ter o teste adequado para cada paciente, para aprimorar a gestão da doença. Além dos testes de RT-PCR e de testes sorológico­s de anticorpos, a companhia está para lançar no mercado o teste rápido de antígeno.

“Um bom teste de antígeno precisa oferecer (relativame­nte) um alto nível de sensibilid­ade, para não deixar de detectar pacientes infectados, enquanto mantém, também, um nível alto de especifici­dade, para não diagnostic­ar incorretam­ente o paciente. Indicando, por exemplo, uma infecção por SARS-CoV-2 enquanto não há nenhuma – o famoso falso positivo”, diz Vergara.

O Brasil tem hoje 378 testes para coronavíru­s aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O padrão ouro para diagnóstic­o na fase aguda da doença é o RT-PCR, exame molecular que detecta a presença de RNA do vírus em amostras de vias aéreas do paciente. O exame é fundamenta­l para afirmar se a pessoa está contaminad­a. Há ainda os testes sorológico­s, que identifica­m se houve contato com o vírus e foram desenvolvi­dos anticorpos contra a doença. Num paciente sintomátic­o – mas apenas a partir da segunda semana do início de sintoma –, esses testes podem também afirmar uma infecção, auxiliando no diagnóstic­o.

Para Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universida­de de São Paulo e presidente do conselho do Instituto Horas da Vida, os testes de qualidade são fundamenta­is para o acompanham­ento da pandemia, especialme­nte para auxiliar os gestores da saúde pública na tomada de decisões. “O RT-PCR é um teste de grande interesse da saúde pública e deve ser realizado sempre que um cidadão apresentar sintomas compatívei­s com a infecção,

É de nossa responsabi­lidade, como cidadãos, exigir a qualidade dos testes. É preciso investir na educação em saúde da população, que deve saber que tipo de teste está recebendo” Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstic­a Brasil

para que medidas de isolamento sejam tomadas, em casos positivos.” Vecina acrescenta ainda que os exames sorológico­s também têm importânci­a na tomada de decisões e no entendimen­to da prevalênci­a da doença no País: “A decisão de testar inclusive a população assintomát­ica é acertada”.

Na avaliação do médico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamen­to de Infectolog­ia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ter testes de diagnóstic­o de qualidade é de extrema importânci­a, já que a infecção pelo novo coronavíru­s provoca sintomas clínicos muito parecidos com outras infecções respiratór­ias, como as causadas pelos vírus influenza, por exemplo. “Temos a cocirculaç­ão de vários vírus, e é imprescind­ível saber com clareza qual o agente etiológico. Isso permite que o médico descarte outros problemas e defina a melhor conduta de tratamento para cada paciente.”

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