O Estado de S. Paulo

Volks tem proposta para dispensar 5 mil

Montadora pode pagar até 35 salários extras para funcionári­os que aderirem ao programa de demissão voluntária nas suas 4 fábricas

- Cleide Silva

A Volkswagen está disposta a pagar até 35 salários extras aos funcionári­os da área produtiva que aderirem a um programa de demissão voluntária (PDV) a ser aberto nos próximos dias. A empresa pretende eliminar cerca de 5 mil vagas, 35% de um total de aproximada­mente 15 mil empregados das suas quatro fábricas no País. Esta é uma das propostas apresentad­as pela montadora após mais de três semanas de negociação com dirigentes sindicais.

A proposta foi fechada nesta sexta-feira e será votada na próxima terça-feira, em assembleia­s distintas, pelos trabalhado­res das quatro unidades de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos (SP) e de São José dos Pinhais (PR). Também há uma série de medidas de redução de benefícios. Se a proposta for aprovada, a empresa se compromete em dar garantia de emprego por cinco anos para os que permanecer­em no grupo.

O presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, afirmou recentemen­te que a empresa opera com elevada ociosidade, assim como todo o setor automotivo. Segundo ele, o grupo deixou de produzir neste ano 146 mil veículos em relação ao mesmo período de 2019. “É um número que equivale a uma fábrica inteira”, disse. Segundo a empresa, a ociosidade hoje representa os empregos de um turno de trabalho em cada fábrica.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, Wagner Santana, diante do cenário econômico atual, de alta ociosidade nas fábricas, a proposta de estabilida­de de emprego por um período longo é positiva, mas disse que caberá aos trabalhado­res decidirem se aceitam ou não. “A proposta garante o emprego e tem suas condiciona­ntes e seus custos”, ressaltou em informe enviado a todos os funcionári­os no início da noite.

Sem reajustes. Pela proposta, os trabalhado­res horistas (a maioria da produção) que aderirem ao PDV terão direito a 20 salários adicionais à uma tabela base definida por tempo de trabalho que varia de até dez anos a 30 anos ou mais. Quem tem até dez anos de casa, por exemplo, terá direito a 25 salários, além dos pagamentos previstos em lei. Para quem tem 30 anos de trabalho, serão 35 salários. Essa proposta terá tempo de validade para adesão. Passado o período, serão dez salários extras e não mais 20. Essa oferta vale também para mensalista­s (pessoal administra­tivo).

A empresa propõe ainda não reajustar os salários pelo INPC neste ano (até o limite de 5% do índice) e, em troca, pagar abono de R$ 6 mil. O limite do índice inflacioná­rio vai diminuindo anualmente até 2023, quando será aplicado o reajuste integral do INPC. O valor da Participaç­ão nos Lucros e Resultados (PLR) também será menor. O plano de saúde também será afetado.

Outra proposta da empresa é que a adoção do lay-off (suspensão temporária de contratos (possa ter duração de até 10 meses. Não haverá progressão salarial por um ano e para novas vagas o salário será 17% menor que o pago atualmente.

Durante a pandemia as montadoras já eliminaram 4,1 mil vagas e hoje empregam 121,9 mil trabalhado­res.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-15/05/2018 Prazo. Proposta foi fechada ontem e será votada na 3ª-feira

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